(Pixabay/Fonte padrão)
Reuters
Publicado em 18 de outubro de 2018 às 10h49.
Última atualização em 19 de outubro de 2018 às 14h33.
São Paulo - De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira, empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT e de apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) no WhatsApp.
Os contratos chegam a 12 milhões de reais e a Havan, que apoia Bolsonaro, está entre as compradoras, diz a reportagem.
A prática seria ilegal pois se trata de doação de campanha por empresas, o que é vedado pela legislação eleitoral, além de não declarada.
Questionado pela Folha, Luciano Hang, dono da Havan, disse que não sabe "o que é isso" e que "não temos essa necessidade."
O disparo em massa contratado pelas empresas é feito usando o banco de dados de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências digitais.
A reportagem aponta que isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe comprar bases de terceiros e só permite o uso das listas de apoiadores do próprio candidato, cedidos voluntariamente.
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, acusou nesta quinta-feira o seu adversário no segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL), de criar uma organização criminosa com empresários para enviar notícias falsas contra a campanha petista pelo aplicativo WhatsApp.
"O jornal comprova que o meu adversário Jair Bolsonaro, deputado há 28 anos, organizou, criou uma organização criminosa de empresários que, mediante caixa dois, dinheiro sujo, está patrocinando mensagens pelo WhatsApp mentirosas", disse Haddad em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro.
"Nós vamos pedir providências para a Justiça Eleitoral e para a Polícia Federal para que esses empresários corruptos sejam imediatamente presos para parar com essas mensagens de WhatsApp... Fazer conluio com dinheiro para violar a vontade popular é crime, as mensagens que ele está mandando por WhatsApp são todas pagas com caixa dois e ele vai ter que responder por isso", acrescentou.
Ele também postou uma mensagem no Twitter apontando "uma tentativa de fraude eleitoral":
Milhões de reais foram investidos em notícias falsas. Por meio de caixa 2 resolveram financiar uma campanha de difamação a meu respeito. E eu nunca tinha visto isso acontecer.
— Fernando Haddad 13 (@Haddad_Fernando) 18 de outubro de 2018
Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral. O esforço do Bolsonaro era pra liquidar já no primeiro turno. Ele contava que viraríamos a página e isso tudo não seria apurado. O que está hoje nos jornais não são indícios, são provas. Não estamos falando de suposições.
— Fernando Haddad 13 (@Haddad_Fernando) 18 de outubro de 2018
O PT também reagiu. Após ter pedido na quarta-feira (17) à Polícia Federal uma investigação sobre a disseminação de supostas notícias falsas pela campanha de Bolsonaro, a Executiva do partido também lançou uma nota sobre o caso dos empresários:
"É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune".
O partido diz que está tomando todas as medidas judiciais para que Bolsonaro responda "por seus crimes, dentre eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras não são declarados por sua campanha."
A legenda do presidenciável Fernando Haddad pretende entrar ainda nesta quinta-feira com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir providências.
Até agora, Bolsonaro não se manifestou sobre o caso. Em seu Twitter, falou apenas sobre o apoio que tem recebido.
"Sempre dissemos que não existe salvador da pátria, mas graças a união do brasileiro temos a chance real de não virarmos a próxima Venezuela. Juntos, daremos o pontapé para fazermos do Brasil uma das mais respeitáveis potências mundiais, cuja posição jamais deveria estar de fora!", afirmou.
Ele também pediu para que não haja relaxamento na campanha. "Jamais confiem em pesquisas! Não relaxemos!", escreveu. "Nossa pesquisa é o sentimento nas ruas!", disse.
(Com Pedro Fonseca, da Reuters, no Rio de Janeiro)