Brasil

Empresário diz ter sido ameaçado por ex-Eletronuclear

Um dos sócios da empreiteira Engevix afirmou ter sido ameaçado por ex-diretor da Eletronuclear para não ser incluído em eventual delação premiada


	Angra 3: Flexsystem teria intermediado propina de empreiteiras a ex-diretores da Eletronuclear sobre obras da usina
 (Divulgação/Eletronuclear)

Angra 3: Flexsystem teria intermediado propina de empreiteiras a ex-diretores da Eletronuclear sobre obras da usina (Divulgação/Eletronuclear)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2016 às 11h27.

São Paulo - Um dos sócios da Engevix, o empresário José Antunes Sobrinho afirmou em 'colaboração espontânea' com o Ministério Público Federal do Rio que o ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Manuel Amaral Messias pediu para não ser incluído em uma eventual delação premiada do empreiteiro.

José Antunes Sobrinho prestou depoimento em 13 de julho à força-tarefa da Operação Pripyat, desdobramento da 16ª fase da Operação Lava Jato, a Radioatividade, deflagrada em julho de 2015.

Alvo da Pripyat, Luiz Messias foi preso no dia 6 de julho último.

José Antunes Sobrinho citou no depoimento o empresário Ney Gebran, morto em março deste ano, dono da Flexsystem. A empresa teria intermediado propina de empreiteiras sobre as obras de Angra 3 a ex-dirigentes da Eletronuclear.

"Acredita que Luiz Messias estava envolvido no recebimento de pagamentos; que acreditava nisso porque Ney demonstrava conhecimento de dados que eram da atribuição de Luiz Messias; que, esta suspeita acabou por se confirmar no começo deste ano, possivelmente em março de 2016, quando estava preso na Polícia Federal em Curitiba", declarou Antunes Sobrinho.

O sócio da Engevix havia sido preso na Operação Lava Jato em Curitiba. "Nesta ocasião, o sr. Ronaldo Ferreira da Silva, funcionário da Engevix coordenador dos contratos de Angra, comunicou ao depoente e aos seus advogados que foi procurado por Luiz Messias; que Ronaldo Ferreira disse que Luiz Messias lhe teria mandado um recado para que o depoente não botasse em sua colaboração premiada em negociação o contrato com a Flexsystem; que Ronaldo disse que Luis Messias disse que se o depoente os entregasse, ele estaria enrolado e a Engevix perderia os contratos em andamento; que Luiz Messias ainda teria dito que 'mortos não falam', referindo a Ney, que teria falecido."

A Operação Pripyat revela que o ex-presidente da Eletronuclear almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva - também preso na Pripyat - teria recebido R$ 12 milhões em propinas das obras de Angra 3. O valor corresponde a 1% do montante da construção, orçada em R$ 1,2 bilhão.

Outra parte da propina, segundo a Procuradoria da República, foi dividida entre cinco ex-dirigentes do alto escalão da estatal.

A investigação mostra que eles dividiram 1,2% do valor total da obra - ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini (0,3%), ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).

Defesa

O advogado Fabrizio Feliciano, que defende Luiz Messias afirmou que não poderia comentar pois não teve acesso a informação, mas que seu cliente já havia prestado depoimento à Polícia Federal, respondido a todas as indagações e negado prática de qualquer ilícito.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Messias. O espaço está aberto para sua manifestação.

Acompanhe tudo sobre:EletronuclearEmpresasEmpresas estataisEstatais brasileirasMinistério PúblicoOperação Lava Jato

Mais de Brasil

Ensino no Brasil não prepara crianças para mundo do trabalho com IA, diz executivo do B20

Como emitir nova Carteira de Identidade no Amazonas: passo a passo para agendar online

Horário de verão vai voltar? Entenda a recomendação de comitê do governo e os próximos passos

PF investiga incêndios criminosos no Pantanal em área da União alvo de grilagem usada para pecuária