Brasil

Empresa que descobriu óleo não foi acionada pelo Ibama e agiu por conta

Por não ter sido procurada antes, a empresa, que tem contrato com o órgão, resolveu oferecer informações à PF 55 dias depois de as manchas serem detectadas

 (Diego Nigro/Reuters)

(Diego Nigro/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de novembro de 2019 às 18h00.

Brasília — A empresa brasiliense Hex Tecnologias Geoespaciais, que enviou à Polícia Federal as informações sobre o vazamento de petróleo no Nordeste, é contratada do Ibama desde fevereiro deste ano para prestar serviços de monitoramento via satélite. A companhia, no entanto, afirma não ter sido acionada pelo órgão do Ministério do Meio Ambiente para oferecer as imagens, o que poderia ter acelerado as investigações. Por não ter sido procurada antes, a empresa resolveu oferecer, gratuitamente e por conta própria, as informações à Polícia Federal, 55 dias depois de as manchas serem detectadas.

A informação foi confirmada ao jornal O Estado de S. Paulo pelo presidente da Hex, Leonardo Barros. O executivo informou que tem um contrato "sob demanda" com o Ibama, ou seja, oferece os serviços de monitoramento sempre que é demandada pelo órgão do governo federal.

O Ibama, no entanto, garantiu Barros, não entrou em contato com a empresa em nenhuma ocasião para pedir informações que pudessem auxiliar na localização da origem do petróleo.

"Nosso contrato com o Ibama é sob demanda. Nós reagimos às demandas do Ibama, como, por exemplo, olhar o desmatamento em determinado local, etc. Nesse caso, especificamente, para a mancha de óleo, nós realmente não fomos acionados. Agora, por que isso aconteceu, é melhor perguntar para o Ibama", comentou.

O jornal O Estado de S. Paulo questionou o Ibama sobre o assunto, mas o órgão não se manifestou até o fechamento deste texto. O governo tem sido criticado pela demora nas ações de combate e investigações sobre o caso.

O contrato de sensoriamento remoto firmado com o Ibama já previa esse tipo de serviço para o órgão, disse Barros. O executivo, no entanto, disse que não sabe por qual razão o órgão não foi acionado antes. Por causa da notoriedade e importância que ganhou o desastre, a Hex decidiu, por conta própria, entregar as informações à Polícia Federal, disse.

"O Ibama sabe quais são as nossas competências. Aí, é um critério dele [acionar ou não o serviço]. Não é papel nosso ficar oferecendo o serviço o tempo todo", comentou o executivo.

O contrato tem o valor máximo de R$ 4,6 milhões e foi assinado em fevereiro e tem validade de um ano.

Sobre a decisão de entregar gratuitamente as informações à Polícia Federal, disse que se trata de um "caso de estudo altamente relevante" e que a empresa, a partir disso, decidiu "eleger isso como um caso relevante". "Como não fomos acionados, decidimos apostar nisso por conta própria."

O relatório da Hex foi entregue à Polícia Federal no dia 25 de outubro, 55 dias depois de as primeiras manchas aparecem no litoral do Nordeste. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), segundo Barros, recorreu à companhia para buscar informações após o início da pesquisa e solicitou que os dados fossem repassados para a PF.

A empresa detectou somente o navio Bouboulina, de bandeira grega, no ponto e na data de origem do vazamento, a aproximadamente 700 quilômetros da costa entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba nos dias 28 e 29 de julho. A Hex descartou a presença de um "navio pirata", sem identificação oficial, na área durante esse período.

A empresa Delta Tankers, dona da embarcação, negou que tenha havido qualquer tipo de incidente com o navio. O caso segue em investigação.

Acompanhe tudo sobre:IbamaPetróleoRegião Nordeste

Mais de Brasil

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso