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Empresa de genro de ministro do TCU doou R$ 3,8 mi em eleições

a construtora Lidermac, que tem como sócio o genro do ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio, firmou contratos de R$ 75 milhões, em 2014

PF: os outros três sócios da empresa também foram levados a depor pela PF (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

PF: os outros três sócios da empresa também foram levados a depor pela PF (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 17h09.

São Paulo - Investigada na Operação Vórtex, desdobramento da Operação Turbulência, a construtora Lidermac firmou contratos de R$ 87 milhões com o governo de Pernambuco de 2010 a 2016, segundo a Polícia Federal.

Desta quantia, contratos no valor de R$ 75 milhões foram fechados até 2014, ano da campanha presidencial do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em agosto daquele ano em acidente aéreo em Santos (SP).

A Vórtex, deflagrada nesta terça-feira, 31, levou para depor coercitivamente o empresário Rodrigo Leicht Carneiro Leão, genro do ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio e um dos sócios da Lidermac. Os outros três sócios da empresa também foram levados a depor pela PF.

Ao mesmo tempo, as doações eleitorais da empresa saltaram de R$ 30 mil em 2006 para R$ 3,8 milhões em 2014, segundo a PF. Em 2014 foram doados pela Lidermac R$ 500 mil ao Diretório Nacional do PSB, segundo consta no site do TSE.

Atualmente, as empresas privadas estão proibidas de fazer doações eleitorais por determinação do Supremo Tribunal Federal, que considerou os repasses inconstitucionais.

Os valores, tanto dos contratos quanto das doações, chamaram a atenção dos investigadores, que chegaram à Lidermac a partir das investigações das empresas usadas na polêmica compra do avião Cessna Citation que caiu e matou o então candidato do PSB à Presidência.

A construtora transferiu R$ 159,9 mil para a empresa Câmara e Vasconcelos, que adquiriu a aeronave dois dias depois pelo valor de R$ 1,7 milhão.

A Turbulência já havia identificado que a Câmara e Vasconcelos faz parte do grupo de empresas que teria lavado cerca de R$ 600 milhões em um esquema que teria abastecido as campanhas de Campos ao governo de Pernambuco em 2010, e de Marina Silva à presidência pelo PSB após a morte do ex-governador em 2014.

O superintendente regional da PF em Pernambuco, Marcello Diniz Cordeiro, afirmou que a evolução das doações eleitorais da Lidermac também chamou a atenção dos investigadores.

Ele não citou nomes de políticos nem partidos que receberam essas doações, mas afirmou que foram repasses para deputados federais, estaduais e partidos políticos.

De acordo com a PF, em 2006, ano em que Campos foi eleito governador de Pernambuco pela primeira vez, a empresa doou apenas R$ 30 mil.

Valor que foi para R$ 3 mil em 2008, saltou para R$ 270 mil em 2010, quando Campos foi reeleito governador e chegou a R$ 1,4 milhão em 2012.

Na última eleição em que eram permitidas as doações eleitorais o valor repassado pela Lidermac para campanhas políticas foi para R$ 3,8 milhões.

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