Morador de Rio Bonito do Iguaçu em sua casa, que ficou destruída (Roberto Dziura Jr/AEN/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 20h31.
Os habitantes do município de Rio Bonito do Iguaçu, atingido por um tornado neste fim de semana, fizeram um velório coletivo na cidade para se despedir dos cinco mortos após o evento climático extremo.
A cerimônia ocorreu em um salão paroquial que resistiu à ventania, segundo o jornal O Globo. Os ventos ultrapassaram os 250 km/h e deixam um rastro de destruição na cidade. Em meio aos escombros, os sobreviventes lamentaram a tragédia, mas já projetam os próximos passos para reconstruir suas casas e vidas.
O velório deste domingo foi dedicado a quatro das cinco vítimas que moravam no município:
A sexta vítima, Jose Neri Geremias, de 53 anos, era do município de Guarapuava, também atingido pelo tornado.
Em declarações à imprensa local, o pai da adolescente, Roberto Kwapis, disse que permanecerá com "a certeza do amor que tinha" pela filha.
Julia estava na casa de uma amiga na noite de sexta-feira, quando o tornado atingiu Rio Bonito do Iguaçu. Ela e a amiga, que sobreviveu, foram atiradas pela força do vento.
Neste domingo, o governador Carlos Massa Ratinho Junior afirmou que o estado já iniciou o planejamento para a reconstrução de casas, da sede da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e das escolas da cidade.
As obras devem começar assim que as equipes de engenharia concluírem o diagnóstico técnico e estrutural das residências.
Cerca de 200 engenheiros da Cohapar e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR) avaliam os prejuízos e as condições das construções atingidas.
Ratinho Jr. mobiliza força-tarefa para reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu (Reprodução/Redes Sociais)
Entre as principais medidas para a reconstrução está o envio de um projeto de lei à Assembleia Legislativa que amplia o Fundo de Calamidade e autoriza o repasse de até R$ 50 mil por família para a compra de materiais de construção.
"Muitas casas não podem ser reerguidas porque o vento levou tudo, mas em algumas delas ainda é possível reformar ou fazer melhorias com esse recurso", afirmou o governador. "Pretendo sancionar essa lei ainda neste domingo, assim que os deputados aprovarem o projeto. Assim, podemos iniciar o atendimento logo que essa avaliação dos engenheiros for concluída".
Segundo Ratinho Jr., a Defesa Civil fará o cadastramento das famílias atingidas, enquanto engenheiros da Cohapar e do CREA-PR identificam as que podem ser reformadas e as que precisarão ser reconstruídas.
O governo local informa também que mais de 780 pessoas receberam atendimento médico na cidade. Parte dos moradores não estava na cidade quando ela foi atingida pelo tornado, e agora lidam com o saldo da destruição.
Um deles, José Godoy, de 41 anos, relatou que a esposa, grávida de quatro meses, estava sozinha em casa no momento em que a ventania começou. Ela ficou "apavorada" e "tentou se proteger como pôde", segundo José, que lamentou a tragédia na cidade e o estrago nas residências, mas também se disse "aliviado" por achar a esposa com vida.
"Os bens materiais a gente recupera. Claro que dá tristeza ver tudo destruído, mas aos poucos a gente recupera. A vida, não. A vida é irrecuperável", disse José, em declaração divulgada pelo governo do Paraná.