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Em SP, 3 em 4 casos de febre amarela são em locais fora de risco

Boletim epidemiológico mostra que dos 40 registros da doença entre janeiro de 2017 até agora, 31 aconteceram em áreas sem recomendação permanente de vacina

Febre amarela: são definidas como regiões com recomendação aquelas em que há risco de circulação do vírus (Luis Robayo/AFP)

Febre amarela: são definidas como regiões com recomendação aquelas em que há risco de circulação do vírus (Luis Robayo/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 10h30.

Brasília - No Estado de São Paulo, três em cada quatro casos confirmados de febre amarela ocorreram em cidades consideradas pelo Ministério da Saúde sem risco para a doença.

Boletim epidemiológico mais recente da Secretaria Estadual da Saúde paulista mostra que dos 40 registros da doença confirmados entre janeiro de 2017 até agora, 31 aconteceram em áreas sem recomendação permanente de vacina.

São definidas como regiões com recomendação aquelas em que há risco de circulação do vírus. Nesses casos, devem se vacinar todos os moradores e viajantes que planejam visitar esses locais. Desde 2000, 445 dos 645 municípios paulistas, todos no interior, estão nesse grupo.

As áreas mais populosas do Estado, no entanto, como as regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo, não estavam nessa lista, mas foram as que registraram o maior número de casos no recente avanço da doença. Na terça-feira, 16, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que todo o Estado seja considerado de risco.

Foram também nas regiões sem recomendação de vacina em que o Estado registrou, já há quatro meses, o aumento expressivo de casos de macacos mortos pela doença, dado que já indicava o avanço do vírus para áreas antes consideradas livres dele.

O número de animais doentes, que entre julho de 2016 e junho de 2017 foi de 187, saltou para 508 no mesmo período de 2017/2018.

"O que tem acontecido, já desde 2003, é um deslocamento da febre amarela cada vez mais à direita no mapa paulista, cada vez mais perto do litoral. Então acho que, de um modo geral, o Brasil deu uma cochilada", comenta Celso Granato, professor de Infectologia da Unifesp.

Pedro Luiz Tauil, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB), lembra que ainda não se sabe as causas da atual expansão da doença e diz que as campanhas estão se guiando por esse processo do vírus. "Ninguém vai propor vacinação onde não havia recomendação porque não tem vacina para todo mundo."

Questionada sobre suposta falha na definição de áreas de risco, a Secretaria Estadual da Saúde informou que, desde o ano passado, passou a oferecer a vacina em 77 municípios, além dos considerados de risco.

"Quem define a área de recomendação é o Ministério da Saúde. Mas estamos promovendo vacinação nos municípios que registraram casos de macacos mortos pela doença", disse Regiane de Paula, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da secretaria.

Bloqueio

Já o Ministério da Saúde afirmou, em nota, que desde 2016 vem acompanhando a circulação viral da febre, "o que permitiu realizar ações de bloqueio de vacinação em localidades que não pertencem a áreas de recomendação permanente", como São Paulo.

O órgão afirmou que tais decisões são tomadas em conjunto com Estados e municípios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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