Brasil

Em São Paulo, lojistas criam plano próprio para Cracolândia

O plano popular pretende começar por um ponto que não aparece na proposta urbanística do governo municipal: a recuperação de usuários de drogas

Outra frente de moradores pretende conseguir provar na Justiça que a lei de concessão urbanística (Milton Jung CBNSP/Flickr)

Outra frente de moradores pretende conseguir provar na Justiça que a lei de concessão urbanística (Milton Jung CBNSP/Flickr)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 10h30.

São Paulo - Descontentes com a versão final do projeto Nova Luz, apresentada na quinta-feira pela Prefeitura de São Paulo, comerciantes e moradores dos bairros da Luz e de Santa Ifigênia, no centro da capital paulista, estão preparando a própria proposta de revitalização para a área. O plano popular pretende começar por um ponto que não aparece na proposta urbanística do governo municipal: a recuperação de usuários de drogas.

Até o fim desta semana, ex-moradores da cracolândia que passam por tratamento há pelo menos um ano devem começar a recolher papelão, óleo de cozinha e lixo eletrônico na região da Santa Ifigênia. O material será separado por eles em um galpão no bairro e, depois, vendido a empresas que fazem reciclagem, o que vai garantir a viabilidade econômica do programa.

A oportunidade de passar por tratamento e conseguir um emprego servirá para chamar a atenção dos dependentes, segundo o pastor Sílvio Pinheiro, de 44 anos, fundador da ONG Valentes de Davi, que trabalha com o tratamento de dependentes químicos na cracolândia há cerca de um ano. "É uma proposta irrecusável: se você chega para o sujeito e diz que ele vai se tratar e ainda sair empregado, a resistência será menor."

A Secretaria Municipal de Saúde informou que "está aberta a receber apoio e sugestões da sociedade civil" em projetos como o de recuperação de dependentes de drogas na região da Luz - um problema que "aflige diversas regiões do País", segundo a nota. Em relação ao tratamento de dependentes químicos, a administração diz que desenvolve, há mais de dois anos, "a criação de uma rede estruturada e organizada de atendimento" que ofereça condições para tratar as especificidades de cada caso. Nos últimos dois anos, ainda segundo a prefeitura, 4 mil pessoas que viviam nas ruas foram encaminhadas para atendimento médico em toda a cidade.

Projeto

Além de buscar solução para o problema dos dependentes químicos, comerciantes e moradores que estão dentro do perímetro do projeto Nova Luz pretendem pressionar os órgãos de defesa do patrimônio histórico e cultural para garantir o tombamento do bairro, considerado o primeiro da capital paulista. Qualquer intervenção seria barrada se um desses órgãos decidisse estudar o caso.

Outra frente de moradores pretende conseguir provar na Justiça que a lei de concessão urbanística, na qual está baseado o projeto Nova Luz, é inconstitucional, pois transfere para a iniciativa privada um direito que só a Prefeitura tem - o de desapropriar determinados terrenos para fazer obras. O grupo também questiona a necessidade de se demolir quase 23% da área construída do bairro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasCrackCracolândiaDrogasInfraestruturaMetrópoles globaissao-pauloViolência urbana

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas