Brasil

Em reunião, médicos dizem a Bolsonaro não ser possível relaxar isolamento

Avaliação é a de que, combinado com outras medidas, exames em massa podem ser eficientes para identificar aqueles que já estão imunizados

Jair Bolsonaro: de acordo com médicos que se reuniram com presidente, “quanto mais pessoas forem testadas, melhor” (Ueslei Marcelino/Reuters)

Jair Bolsonaro: de acordo com médicos que se reuniram com presidente, “quanto mais pessoas forem testadas, melhor” (Ueslei Marcelino/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 2 de abril de 2020 às 18h47.

Médicos que estiveram no Palácio do Planalto nesta quarta-feira disseram ao presidente Jair Bolsonaro que ainda não é possível relaxar as medidas de isolamento social — fundamentais, na avaliação do grupo, para que casos de covid-19 não disparem nas próximas semanas e o sistema de saúde não entre em colapso.

O presidente recebeu profissionais no saúde para discutir a crise do coronavírus, mas o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não foi convidado para o encontro.

— Infelizmente, ainda não é possível falar em relaxamento do isolamento social — disse ao GLOBO o cardiologista Dante Senra, do Hospital Igesp, que esteve com o presidente.

Na conversa, no entanto, os médicos disseram que testes em massa na população têm potencial para mudar o cenário no país. A avaliação levada ao presidente é a de que, combinada com outras medidas protetivas, os exames poderiam ser eficientes para identificar aqueles que já estão imunizados.

Dessa forma, segundo os médicos, seria possível começar a liberar parte da população para a retomada das atividades —ainda que gradualmente. De acordo com Senra, “quanto mais pessoas forem testadas, melhor”.

O grupo também falou a Bolsonaro sobre o uso da cloroquina em pacientes em estado grave. Embora as perspectivas sejam boas, os médicos disseram que ainda não há evidência científica sobre a eficácia do medicamento no tratamento do novo coronavírus.

Segundo a cardiologista Ludhmila Hajjar, que também esteve no encontro com Bolsonaro, o remédio não pode ser tratado como “a cura” para a Covid-19. Um resultado mais preciso sobre o uso da substância só será possível em 60 dias, disse ela ao GLOBO.

— A cloroquina pode, sim, ser um tratamento adequado para os pacientes infectados, mas devemos aguardar os resultados dos estudos em andamento na China, nos Estados Unidos e no Brasil.

Assim como Senra, Hajjar, que é coordenadora de ciência, tecnologia e inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, também disse ao presidente que não dá para liberar a população para voltar às atividades cotidianas.

Os médicos também falaram que todas medidas também devem ser combinadas com uma série de alternativas para minimizar o avanço do coronavírus. As máscaras de proteção, como dito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta quarta, podem servir como barreira eficiente para a população em geral.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus:

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusJair BolsonaroMédicos

Mais de Brasil

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos