Presidente da Câmara, Hugo Motta, que saiu vitorioso na aprovação do PL Antifacção (Mário Agra/Agência Câmara)
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Publicado em 18 de novembro de 2025 às 21h59.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), comemorou a aprovação do PL Antifacção e um trecho do discurso foi interpretado por parlamentares como um recado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O governo e a cúpula da Casa entraram em embate nas últimas duas semanas pelo fato de Motta ter escolhido um adversário do PT, o deputado federal Guilherme Derrite (PT), para relatar o projeto enviado pelo Executivo contra facções após a operação do Rio de Janeiro que matou 121 pessoas.
Os deputados da base governista fizeram duras críticas ao projeto e afirmaram que parlamentares de direita desfiguraram a proposta original. O líder do PT na Casa, Lindbergh Faria (PT-RJ), disse que o Palácio do Planalto tentará retomar a redação inicial do projeto na análise do tema no Senado.
Motta, porém, afirmou que o Legislativo cumpriu seu papel. “Cabe ressaltar que a função do parlamento não é carimbar projeto apresentado por alguma força política e passar adiante, o compromisso do Parlamento é debater matérias e entregar a melhor versão possível”, afirmou.
O presidente da Câmara criticou o clima político acirrado e afirmou que “o problema da polarização é que ela transforma adversários em inimigos e problemas em bandeiras”.
Motta, porém, evitou afirmar que saiu vitorioso ou que o governo foi derrotado e disse que no debate sobre o tema “não existiram heróis ou vilões”. “Não é vitória de A ou B, é vitória do Brasil”, disse. Hugo Motta elogiou Derrite, mas também enalteceu a iniciativa do governo de enviar um projeto sobre o tema.
A aprovação do projeto representou uma derrota do governo, que já anunciou que tentará retomar o texto proposto inicialmente na análise do tema no Senado. No decorrer da discussão, até houve consenso sobre endurecimento de penas, mas outros pontos do projeto causaram divergência.
Os aliados de Lula afirmaram que Derrite incluiu na proposta a divisão da União com fundos estaduais dos recursos dos bens apreendidos por facções e milícias. Os deputados governistas afirmaram que a previsão irá desfinanciar a Polícia Federal e atrapalhar o combate ao crime organizado.