Racismo é mais percebido em shopping, estabelecimentos comerciais e no trabalho
Colaboradora
Publicado em 20 de novembro de 2025 às 17h01.
Uma nova pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 20, pelo Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com a Ipsos-Ipec, aponta que shoppings, estabelecimentos comerciais, trabalho e espaços públicos de convivência são os locais em que o racismo é mais evidente para a população.
O levantamento "Viver nas Cidades: Relações Raciais" ouviu 3.500 pessoas em dez capitais - Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo - por meio de painel online.
O objetivo foi descobrir a percepção da população sobre discriminação racial em diferentes espaços sociais, políticas de enfrentamento ao racismo e o papel da população branca na transformação desse cenário.
Oito em cada dez entrevistados afirmam perceber tratamento desigual entre pessoas brancas e negras em diversos serviços. Aqueles em que a discriminação aparece de forma mais clara são:
Apenas 10% dos entrevistados acredita que não existe diferença entre o tratamento, enquanto 12% não soube responder a pergunta.
Também vale ressaltar que Salvador e Belém registram o maior patamar de menções ao tratamento desigual em shoppings e comércios.
COP30 coloca afrodescendentes no rascunho, mas evita tratar racismo ambientalA desigualdade também aparece quando se observa o perfil socioeconômico da amostra. Entre os brancos, 52% têm ensino superior, enquanto pretos e pardos se concentram no ensino médio (58%).
A disparidade se repete na renda: brancos são maioria nas classes A e B (40%) e nas faixas de renda mais altas (29% ganha mais de 2 a 5 salários mínimos e 24% recebe mais de 5 salários mínimos), enquanto pretos e pardos têm maior presença na classe D e E (21%) e nas famílias que ganham até dois salários mínimos (52%).
A distribuição etária também reflete diferenças estruturais: a população branca é mais envelhecida (20% com 60 anos ou mais), enquanto pretos e pardos são um pouco mais jovens (26% de 25 a 34 anos).
Embora haja consenso sobre a existência do racismo, a população negra, alvo da discriminação, tem uma visão mais crítica sobre as raízes estruturais do problema e defende com mais firmeza as medidas de combate ao preconceito, como políticas afirmativas e o reconhecimento de privilégios.
Entre as ações mais citadas, destacam-se:
A maior divergência - ainda que pequena - aparece quando o tema envolve políticas afirmativas, especialmente cotas em universidades e em cargos de liderança. Brancos acreditam mais do que negros e pardos que eliminar as cotas estudantis é uma saída.
Renda baixa e racismo impedem conclusão do ensino básico, diz pesquisaA pesquisa também mostra que grande parte dos entrevistados reconhece que a população negra sofre mais com problemas ambientais urbanos:
Entre as responsabilidades atribuídas à população branca no combate ao racismo, estão: