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Em nota, Joesley chama Temer de "ladrão geral da República"

Defesa de Temer retrucou que acusação nem merece resposta

 (foto/Exame)

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EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de setembro de 2017 às 11h58.

O empresário Joesley Batista, do grupo JBS, chamou o presidente Michel Temer de "ladrão geral da República". Em nota divulgada neste sábado (2), o empresário afirma que a colaboração premiada é um direito e que o ataque feito a essa prerrogativa revelaria uma "incapacidade" de o presidente se defender "dos crimes que comete."

As declarações do empresário foram feitas numa reação à nota divulgada na sexta-feira (1º) pela Presidência da República sobre o operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de delação com Ministério Público. Na nota, o Palácio do Planalto chama o empresário Joesley Batista de "grampeador-geral da República."

Procurado pela reportagem, o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor de Temer, disse que a declaração de Joesley "não merece nenhuma resposta em face da sua origem e do conhecido comportamento absolutamente reprovável do delator".

"A resposta já foi dada pela Câmara dos Deputados, que rejeitou a denúncia (apresentada pelo procurador-geral da República contra o presidente pelo crime de corrupção passiva), baseada na acusação dessa mesma pessoa", afirmou o advogado.

Em nota divulgada na sexta (1º), a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) desqualifica o operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de delação com o Ministério Público, e chama o empresário Joesley Batista de "grampeador-geral da República".

Sob a justificativa de que a "suposta segunda delação" de Funaro apresenta "inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes", o texto diz que Temer se reserva o direito de não tratar de "ficções e invenções" de quem quer que seja. Cita, ainda, que o operador - chamado apenas de "doleiro" - acionou a Justiça, meses atrás, para cobrar valores devidos a ele pelo grupo de Joesley. Foi o dono da JBS quem gravou Temer, em conversa que veio a público em maio.

A Secom destaca que Funaro foi preso há um ano por "ameaçar de morte" a seus ex-parceiros comerciais e diz não estar claro como se deu sua "conversão" diante do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em tom de ironia, a nota pergunta qual "mágica" teria feito o operador, "que traiu a confiança da Justiça e do Ministério Público", para ganhar agora credibilidade. Não é só: lembra que ele já foi classificado pelo MP como "uma pessoa que tem o crime como modus vivendi".

O Estado apurou que a delação de Funaro atinge não apenas Temer e o governo, como várias figuras de expressão no PMDB. "Diante da vontade inexorável de perseguir o presidente da República, Funaro transmutou-se em personagem confiável. Do vinagre, fez-se vinho. Quem garante que, ao falar ao Ministério Público, instituição que já traiu uma vez, não o esteja fazendo novamente?", indaga a nota. "Se era capaz de ameaçar a vida de alguém para escapar da Justiça, não poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria, diante de sua ficha corrida, até um crime menor."

O Palácio do Planalto recebeu informações de que a denúncia de Janot contra Temer será, desta vez, por obstrução de Justiça. Na nota, a Secom menciona o diálogo gravado clandestinamente por Joesley para sustentar que o presidente "jamais" obstruiu a Justiça.

"A gravação usada pelo seletivo acusador desmente a acusação. Outro agravante é o fato de o grampeador-geral da República ter omitido o produto de suas incursões clandestinas ao Ministério Público. No seu gravador, vários outros grampos foram escondidos e apagados. Joesley mentiu, omitiu e continua tendo o perdão eterno do procurador-geral. Prêmio igual ou semelhante será dado a um criminoso ainda mais notório e perigoso como Lúcio Funaro?" provoca a nota.

A primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, foi rejeitada pelo plenário da Câmara em 2 de agosto e a segunda acusação deve ser apresentada nos próximos dias por Janot, que deixa o cargo no próximo dia 17. Na contra-ofensiva, o presidente disse que os irmãos Batista refizeram sua delação, "demonstrando terem mentido e omitido fatos, sobretudo em relação às falcatruas com o BNDES".

Na avaliação do Planalto, os delatores prestaram falso testemunho na Operação Bullish e puderam, "camaradamente", 'corrigir' suas mentiras ao procurador-geral. "Sem um puxão de orelhas sequer", diz o texto divulgado pela Secom.

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