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Em meio às críticas ao BC, Lula diz que teve aval das urnas para implementar política econômica

Declaração foi dada durante reunião com aliados, entre ministros e parlamentares

Lula: presidente tem reclamado da alta taxa de juro, em 13,75% ao ano, definida pelo BC (Ricardo Stuckert/PR/ Palácio do Planalto/Flickr)

Lula: presidente tem reclamado da alta taxa de juro, em 13,75% ao ano, definida pelo BC (Ricardo Stuckert/PR/ Palácio do Planalto/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 8 de fevereiro de 2023 às 18h53.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2023 às 19h16.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira que o governo “tem direito de estabelecer sua política econômica”. A declaração foi dada durante reunião com aliados e em meio às críticas ao Banco Central (BC) e ao seu presidente, Roberto Campos Neto. Nos últimos dias, Lula subiu o tom contra a alta taxa de juro do país.

O presidente também afirmou aos aliados que é preciso desenvolver a política econômica “dentro das possibilidades” o que foi proposto durante as eleições.

Vocês foram eleitos pelo povo brasileiro e todos vocês, e o governo, têm direito de estabelecer sua política econômica, de estabelecer sua política social, e temos que tentar fazer dentro das nossas possibilidades aquilo que foi o propósito que ganhamos as eleições.

Participaram da reunião, o chamado Conselho Político da Coalizão, os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Marina Silva (Meio Ambiente), Fernando Haddad (Fazenda) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia).

O vice-presidente Geraldo Alckmin, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, e os líderes do PT, Zeca Dirceu, do governo na Câmara, José Guimarães, do Congresso, Randolfe Rodrigues, e do Senado, Jaques Wagner, também participaram ao lado de outros parlamentares e líderes partidários.

Na ocasião, o presidente cobrou que seus ministros e seus líderes no Congresso (Randolfe Rodrigues), na Câmara (José Guimarães) e Senado (Jaques Wagner) resolvam “todas as demandas” apresentadas até agora para o governo.

Lula tem reclamado da alta taxa de juro, em 13,75% ao ano, definida pelo BC. A expectativa do mercado é que a taxa Selic, neste patamar desde agosto do ano passado, se mantenha neste patamar até o fim deste ano.

O presidente tem reclamado que não é possível fazer com que o país volte a crescer com a atual taxa de juro e afirmou que o BC é o responsável pelo atual cenário. Lula chegou a afirmar que, no seu mandato, poderia rever o atual modelo de autonomia do Banco Central, classificado como “uma bobagem” pelo presidente.

Nesta terça-feira, o petista voltou a criticar a independência do BC e afirmou que as pessoas que acreditavam que isso ia mudar “alguma coisa no Brasil” precisam “ficar de olho se vale a pena ou não”.

Eu acho que as pessoas que acreditavam que a independência do Banco Central ia, mudar alguma coisa no Brasil, que os juros ias ser menores, as pessoas que tomaram essa posição é que têm que ficar olhando se valeu a pena ou não.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, por sua vez, afirmou nesta quarta-feira que não existe por parte do governo nenhuma discussão sobre a mudança da lei e da autonomia do Banco Central. Afirmou, também, que não há um processo de aceleração da saída de Campos Neto nem uma discussão de mudança na meta da inflação para, em última instância, aliviar os juros.

Não existe nenhuma iniciativa do governo de mudança da lei atual do Banco Central e nenhuma pressão sobre qualquer mandato. A lei estabelece claramente que você tem mandatos que serão cumpridos, afirmou o ministro.

Padilha defendeu que nos outros mandatos Lula garantiu a autonomia das decisões do BC e que nunca impediu a combinação da “responsabilidade fiscal com a responsabilidade socioambiental”.

Acho que o presidente da República traz as dores, os anseios de quem quer uma taxa de juro cada vez menor no país para que o empresário possa investir cada vez mais, gerar mais o crescimento. O presidente Lula, ao longo dos oito anos que governou o país, tinha falas similares como essa. Isso não impediu em nenhum momento que quem presidiu o BC tivesse autonomia para as decisões, como o presidente Lula sempre fez questão de garantir, e não impediu que pudesse ter a combinação da responsabilidade fiscal com a responsabilidade socioambiental do país.

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