O marqueteiro João Santana: para ele, "perde quem não sabe atacar" (Cláudio Gatti)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2015 às 08h57.
São Paulo - Acusado pelas oposições de ter recorrido a mentiras e baixarias para reeleger a presidente Dilma Rousseff, em outubro de 2014, o marqueteiro João Santana decidiu, após três meses de silêncio, partir para o ataque: "Essa é a acusação mais falsa, mais hipócrita e sem sustentação da história eleitoral brasileira".
É comportamento de "políticos derrotados e ressentidos", que confundem "embate político com baixaria e manipulação".
O contra-ataque do marqueteiro baiano, numa longa e detalhada entrevista, é destaque do livro "João Santana - Um marqueteiro no poder", do jornalista Luiz Maklouf de Carvalho, que chega nesta sexta-feira, 23, às livrarias.
Nos seus 37 minicapítulos, que tomam 235 páginas, Santana sai, enfim, de um quase anonimato - afinal, ele é uma figura tão famosa quanto desconhecida - e seu trabalho, marcado por um estilo direto e agressivo, que inclui sete vitórias em eleições presidenciais (três delas no Brasil, desde 2006) é relembrado, atacado, defendido.
O que vem à tona é um jornalista, músico e marqueteiro mandão de 62 anos, já em seu sétimo casamento, que bebeu e fumou de tudo na vida, foi amigo e rival de Duda Mendonça e hoje tem uma próspera agência, a Polis, e vive com a mulher, sócia e também marqueteira Monica Moura em um amplo apartamento nos Jardins, em São Paulo.
A incursão de Maklouf - autor de outros cinco livros - por suas marquetagens tem de tudo - até comparações dele com Goebbels, Bruce Lee ou Anderson Silva, pela contundência com que ataca os rivais de cada vez.
Santana faz pouco da ideia, comum entre marqueteiros, de que em campanha, "quem bate, perde". Para ele, "perde quem não sabe atacar".
A frase era dirigida ao candidato tucano Aécio Neves e seu marqueteiro, Paulo Vasconcelos, que a seu ver fez "uma das campanhas mais medíocres que o Brasil já viu".
Operação Marina
Um dos destaques do livro é a estratégica reunião da campanha petista no Hotel Unique, em São Paulo, em setembro passado, em que se aprovou o devastador ataque que triturou a candidatura de Marina Silva. Ela assustava "porque corria solta, intocável", disse Santana a Dilma, ao ex-presidente Lula, a Aloizio Mercadante e a Rui Falcão. A saída era ir para o confronto e "antecipar o 2.º turno". Todos eles concordaram.
Uma das armas da Santana, dias depois, foi a polêmica peça em que a comida sumia da mesa dos pobres se Marina vencesse - e se, com ela, a ortodoxia voltasse à economia. Santana refuta todas as críticas de que ali ele passou do ponto.
"Se houve exagero, permita-me a presunção, foi de qualidade fílmica e criativa". Ele provoca: "Por que não responderam à altura, não provaram que era mentira?" Sua avaliação é que os rivais sofriam de "pobreza teórica, lerdeza técnica".
Velho amigo de Santana, outro marqueteiro baiano, Fernando Barros, da Propeg, viu em sua campanha para a reeleição de Dilma "um exuberante exemplo de pensamento estratégico bem definido". Ao atacar mais do que defender, mesmo sendo governo, Santana, segundo ele, "estabeleceu um novo modelo de embate" - no qual, daqui por diante, "o estilo mais duro prevalecerá". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
João Santana: Um marqueteiro no poder
Autor: Luiz Maklouf de Carvalho
Editora: Record, 235 páginas
Preço: R$ 39