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Em Itu, Temer diz que Brasil "tem tendência ao autoritarismo"

"Nós brasileiros temos tendência para a centralização", afirmou, lembrando da ditadura de Getúlio Vargas e golpe militar de 1964

Michel Temer: "Temos de governar com espírito de abertura, fazendo harmonia entre os Poderes", disse (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

Michel Temer: "Temos de governar com espírito de abertura, fazendo harmonia entre os Poderes", disse (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de novembro de 2017 às 16h24.

Itu - O presidente Michel Temer (PMDB) disse em Itu nesta quarta-feira, 15, dia em que se comemora a Proclamação da República, que o brasileiro tem tendência para o autoritarismo.

"Se não prestigiarmos certos princípios constitucionais, nossa tendência é caminhar para o autoritarismo. Nós brasileiros temos tendência para a centralização", afirmou.

Ele lembrou que, após a República, o País viveu longos períodos de conflitos que resultaram numa concentração de poderes, referindo-se à ditadura de Getúlio Vargas e à tomada do poder pelos militares em 1964.

"Temos de governar com espírito de abertura, fazendo harmonia entre os Poderes, com diálogo e respeito ao Legislativo e Judiciário, em diálogo com a sociedade."

Segundo Temer, o fato de ter transferido o governo para Itu tem uma simbologia, por ter se iniciado na cidade o movimento pela República, que considerou uma fórmula de impedir o movimento centralizador.

"As pessoas ficam preocupadas com o que está acontecendo no Brasil. Nós sabemos que as instituições funcionam tranquilamente no País. A autonomia entre os Poderes está havendo e nós só fazemos reforçá-la. Tivemos várias contestações, vários eventos que tentaram paralisar o Brasil, mas a caravana foi passando."

O presidente foi ao interior entregar o título de cidadão ituano ao empresário e amigo José Eduardo Bandeira de Mello, de 78 anos, seu ex-sócio num escritório de advocacia na década de 1960.

Acompanhado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo ministro tucano Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, Temer chegou de helicóptero e, após desembarcar no Quartel do Exército, seguiu para o prédio da prefeitura.

O presidente lembrou sua ligação com a cidade. Além de ser natural de Tietê, cidade vizinha, Temer foi professor e diretor da Faculdade de Direito de Itu (Faditu). "A vinda para cá revela aspecto familiar, sou aqui da região e me sinto em casa. Itu deixou sua marca na história do movimento republicano."

Itu é conhecida como "berço da República" por ter sediado, em abril de 1873, uma reunião de personalidades paulistas com ideais republicanos, entre elas Prudente de Moraes, que viria a ser o primeiro civil a assumir a Presidência. O evento ficou conhecido como Convenção Republicana de Itu.

Protesto

Um enorme aparato foi mobilizado para a rápida passagem do presidente pela cidade do interior. Cerca de 150 homens do Exército foram destacados para proteger o trajeto de 300 metros entre o quartel e a prefeitura.

Viaturas da Guarda Municipal e da Polícia Militar bloquearam as ruas do entorno da prefeitura. Mesmo assim, um grupo de 20 pessoas ligadas ao PSOL e ao Sindicato dos Metalúrgicos de Itu e Região fez muito barulho do lado de fora, com faixas, aos gritos de "fora Temer" e contra a reforma da Previdência.

O grupo foi parado numa barreira policial. "Itu é a Mombaça do Temer", disse o ex-vereador de Sorocaba, Osvaldo Duarte Filho. Em 1989, o então presidente da Câmara dos Deputados, Antonio Moraes de Andrade (PMDB), que assumiu a Presidência da República numa viagem do presidente à época, José Sarney (PMDB), fez de sua cidade, Mombaça, em Pernambuco, a capital federal por um dia.

O presidente deixou o local pouco antes do meio-dia, sem falar com a imprensa. O ministro Imbassahy, que pode deixar a pasta com o desembarque do PSDB do governo, iniciado com a saída do agora ex-ministro das Cidades Bruno Araújo também se esquivou dos jornalistas.

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