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Em grampo, ‘lobista do PT’ cita líder do governo Dilma

O grupo acusado de fraudar licitações em prefeituras da região noroeste do interior paulista cita o uso de emendas do deputado Arlindo Chinaglia (PT)


	Polícia Federal: o relatório da operação também cita outro deputado do PT, José Mentor (SP)
 (Divulgação/Polícia Federal)

Polícia Federal: o relatório da operação também cita outro deputado do PT, José Mentor (SP) (Divulgação/Polícia Federal)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2013 às 10h06.

São Paulo - Relatório da Operação Fratelli, desencadeada na semana passada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, mostra que o grupo acusado de fraudar licitações em prefeituras da região noroeste do interior paulista cita o uso de emendas do deputado e líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT).

Os documentos transcrevem telefonemas de Gilberto da Silva, o Formiga, apontado como "lobista do PT" na região de São José do Rio Preto.

Frequentemente, ele faz menção a Chinaglia e declara o apoio que teria prestado a dois ex-assessores do parlamentar petista, candidatos em 2012 na eleição municipal de Ilha Solteira, cidade do interior.

O relatório da operação também cita outro deputado do PT, José Mentor (SP). Segundo a investigação, ele é próximo de um dos integrantes do grupo sob investigação, Jair Émerson Silva, o Miudinho.

Mentor recebeu doação de R$ 550 mil, na campanha de 2010 da empreiteira Demop, controlada pelo empresário Olívio Scamatti, denunciado como chefe da quadrilha que se infiltrou na gestão de 78 prefeituras.

Um grampo de 1.º de outubro, às 16h30, pegou Gilberto contando a um aliado sobre suposto encontro com Chinaglia e Toninho do PT, ex-assessor do petista por oito anos que foi eleito vereador de Ilha Solteira. "Deixa eu falar um negócio para você, o Toninho e o Arlindo estiveram comigo sábado à tarde, rapaz do céu, se você vê o que ele tem do chão preto, já tá tudo na mão, é pra colocar, ele tem uns compromissos."

No dia seguinte, às 9h46, Gilberto caiu no grampo com "Roberto", de Mirassolândia. Ele diz que se reuniu com Toninho do PT.


"Ele (Toninho) disse que dá para pôr um monte de recurso lá." Gilberto completa que "a gente tem um monte de prefeitura na mão" e diz que possui "estrutura física e jurídica, acesso em Brasília". Afirma que no fim de semana "carregou o Arlindo para todo lugar na região".

"O Arlindo vai ter cinquenta milhões de reais em emendas extraparlamentares prometidos pela presidente Dilma porque ele é líder dela na Câmara dos Deputados", diz o lobista. "Isso dá pra colocar num monte de cidade."

Ele relata que "o deputado lhe falou que em cidade pequena pode ser colocada emenda de R$ 130 mil ou até R$ 140 mil e daí foge de licitação". "Dá pra arrumar em um monte de lugar vai ser possível arrumar as emendas."

"Gilberto Formiga presta serviços a Olívio Scamatti, especialmente no que tange aproximação do empreiteiro a diversas administrações municipais, por meio de financiamento de campanhas eleitorais ou mesmo na intermediação de liberação de emendas parlamentares através de sua atuação como lobista do PT", assinala um trecho dos autos da Fratelli, datado de 20 de setembro de 2012.

"É consectário lógico que as emendas provisionadas aos municípios constituirão o reforço financeiro, a posteriori, dos empresários que financiaram, às escuras, campanhas eleitorais." Segundo a operação, Gilberto "é um hábil articulador nos bastidores da administração pública".

Além dos deputados petistas, o chefe da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido, também é citado pelo relatório da operação. Ele mantém estreita ligação com empreiteiro da Demop, apontado como chefe da quadrilha.

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