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Duvido que Rocha Loures vá me denunciar, diz Temer em entrevista

O presidente apontou dois fatores para argumentar que sua situação é diferente da de sua antecessora, Dilma Rousseff, pouco antes do impeachment

Michel Temer: em outra frente, Temer voltou a defender as reformas e medidas econômicas que seu governo vem adotando (Paulo Whitaker/Reuters)

Michel Temer: em outra frente, Temer voltou a defender as reformas e medidas econômicas que seu governo vem adotando (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de junho de 2017 às 14h10.

Última atualização em 2 de junho de 2017 às 14h37.

Brasília - O presidente Michel Temer garantiu, em entrevista à revista IstoÉ divulgada nesta sexta-feira, ter o apoio do Congresso Nacional e disse que sua situação difere da de sua antecessora Dilma Rousseff às vésperas do impeachment, quando "milhões de pessoas" foram às ruas pedindo a saída da presidente.

"No impeachment da ex-presidente havia milhões de pessoas nas ruas. Esse é um ponto importante, não é? Segundo ponto: não havia mais apoio do Congresso Nacional. No meu caso, não. O Congresso está comigo... a situação é completamente diferente", disse Temer à revista.

"O Congresso continua a legislar. Então vamos ver lá para frente", disse, ao ser questionado sobre a ameaça de desembarque de aliados, o que poderia afetar sua governabilidade. "Não tenho que me preocupar com o que vai acontecer no futuro. O futuro vai dizer."

Temer disse acreditar que o ex-deputado e ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures não vá fazer uma delação contra ele, um dos principais focos de preocupação dos auxiliares mais próximos do presidente. Rocha Loures foi flagrado em uma ação controlada da Polícia Federal recebendo uma mala com 500 mil de propina pagas por um executivo da J&F, holding que controla a JBS.

O presidente, no entanto, admite que não pode garantir com certeza que uma delação não vá ocorrer.

"Eu duvido que ele faça uma delação. E duvido que ele vá me denunciar. Primeiro, porque não seria verdade. Segundo, conhecendo-o, acho difícil que ele faça isso", afirmou.

"Agora, nunca posso prever o que pode acontecer se eventualmente ele tiver um problema maior, e se as pessoas disserem para ele, como chegaram para o outro menino, o grampeador (Joesley): 'Olha, você terá vantagens tais e tais se você disser isso e aquilo'. Aí não posso garantir."

Em outra frente, Temer voltou a defender as reformas e medidas econômicas que seu governo vem adotando, atribuindo a reação de empresários de manterem investimentos a essas decisões. Afirmou ainda que a recente crise política, em vez de paralisar o Congresso, o motivou a tocar votações.

O presidente afirmou que a reforma da Previdência deve ser aprovada logo após a votação da reforma trabalhista. Em seguida, repetiu ter a intenção de promover uma simplificação do sistema tributário.

A reforma trabalhista deve ser votada na próxima terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, tendo que passar ainda nas comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Constituição, Justiça e Cidadania(CCJ), antes de seguir para o plenário da Casa. A reforma da Previdência aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados.

Temer também aproveitou para bater na tecla do discurso que tem adotado para se defender das denúncias envolvendo as delações de executivos da J&F, desqualificando a gravação em que aparece conversando com Joesley Batista.

O STF abriu inquérito para investigar se Temer cometeu os crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.

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