Michel Temer: segundo auxiliares, o presidente designou pediu uma avaliação concreta de quais pontos podem ser alterados para que uma decisão seja tomada (Beto Barata/PR/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de outubro de 2017 às 14h54.
Brasília - O presidente da República, Michel Temer, admitiu que deve fazer ajustes na portaria que modifica as regras de combate ao trabalho escravo e acatar sugestões feitas pela Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge.
Em entrevista ao site Poder 360, Temer citou como uma das possíveis alterações estabelecer uma delegacia na Polícia Federal de combate a crimes do trabalho escravo.
Conforme antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), Temer recebeu na quinta-feira, 19, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e concordou com algumas alterações na portaria. Mas, segundo interlocutores do presidente, avisou que as alterações só serão feitas após a votação, na Câmara dos Deputados, da segunda denúncia contra ele por obstrução de Justiça e formação de quadrilha.
Na conversa com Temer, Nogueira fez uma defesa da portaria, apresentou seus argumentos e relatou a conversa que teve durante a semana com Raquel Dodge.
A substituta de Rodrigo Janot no comando da PGR, que foi indicada por Temer, fez duras críticas à medida. Ela classificou a portaria como um "retrocesso à garantia constitucional de proteção à dignidade da pessoa humana" e pediu oficialmente dez dias para que o governo se pronuncie e revogue a medida.
Na entrevista ao site, Temer disse ainda que Nogueira apresentou a ele alguns autos de infração de trabalho escravo que o impressionaram. "Um deles, por exemplo, diz que, se você não tiver a saboneteira no lugar certo, significa trabalho escravo."
De acordo com auxiliares de Temer, o presidente designou que o ministro faça uma avaliação concreta de quais pontos podem ser alterados para que uma decisão seja tomada. A principal preocupação do presidente é acertar eventuais alterações com a bancada ruralista - que tem 230 deputados e 24 senadores.
O governo precisa desses votos não só para derrubar a denúncia, mas também para retomar sua agenda no Congresso.