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Em derrota para Bolsonaro, delegado Waldir segue líder do PSL na Câmara

Ala bolsonarista do PSL queria colocar o deputado Eduardo Bolsonaro como líder da sigla

PSL: a informação foi anunciada pela Secretaria-Geral da Casa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

PSL: a informação foi anunciada pela Secretaria-Geral da Casa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 13h40.

Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 14h06.

Brasília — O deputado federal Delegado Waldir (GO) segue como líder do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, informou nesta quinta-feira (17) a Secretaria-Geral da Casa.

A decisão vem após um grupo de parlamentares da legenda tentar destituí-lo do posto na noite desta quarta-feira (16). O parecer da Câmara é uma derrota para o grupo ligado ao presidente Bolsonaro, que que vem atuando, há algumas semanas, para tentar consolidar o controle do partido.

De acordo com a secretaria-geral da Câmara, as assinaturas apresentadas pelo grupo dissidente, próximo ao presidente da República e que buscavam colocar como líder da sigla o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, não alcançaram o número suficiente para tirar Waldir do posto.

A mesa validou 26 e 24 assinaturas para a primeira e terceira listas protocoladas na noite de quarta (16) que pediam a destituição de Waldir e a nomeação de Eduardo. Esses dois documentos foram feitos por deputados ligados ao presidente.

Já a segunda lista, feita por deputados ligados ao presidente do partido Luciano Bivar (PE), contabilizou 29 assinaturas válidas, o que dá a maioria da bancada que é composta atualmente por 53 deputados.

Ontem à noite, o deputado Eduardo Bolsonaro declarou à imprensa que já estava certa a troca de líderes — o que hoje não veio a se confirmar.

Conflito

A disputa acontece no momento em que um conflito entre Jair Bolsonaro, que dá sinais de afastamento do partido ao qual aderiu em março de 2018, e Luciano Bivar, que controla a máquina partidária, se intensifica.

Na semana passada, Bivar afirmou que as denúncias de candidatos-laranja teriam motivado os recentes ataques de Bolsonaro à legenda. No dia anterior, o presidente falou a um apoiador, que se identificou como pré-candidato pela legenda no Recife, para que ele esquecesse o partido, que “está queimado para caramba”.

Em entrevista, o presidente do PSL disse que Bolsonaro já decidiu pela saída do partido e afirmou: “Acho que ele quis sair porque tem preocupação com as denúncias de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas”.

Dois dias depois, Bolsonaro e mais 21 parlamentares enviaram um requerimento para Bivar solicitando uma auditoria nas contas públicas dos últimos cinco anos do partido.

No documento, os advogados Karina Kufa e Marcello Dias de Paula chamam de “precárias” as prestações de contas do partido. Dizem, ainda, que “a contumaz conduta pode ser interpretada como expediente para dificultar a análise e camuflar irregularidades”. (Leia a a representação na íntegra)

A ofensiva de parte dos membros do PSL vem na esteira das recentes investigações do Ministério Público e da Polícia Federal que acusam o partido de ter usado candidatas-laranja nas eleições. No começo do mês, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado como autor do esquema em Minas Gerais, mas foi mantido no cargo pelo presidente.

Recentemente, um depoimento dado à PF e uma planilha revelados pela Folha de São Paulo sugerem que dinheiro do esquema de Minas Gerais foi desviado por caixa 2 às campanhas de Antônio e do presidente Bolsonaro.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

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