Brasil

Em Cuba, Dilma diz que direitos humanos são questão multilateral

"Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso. Então eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral", disse Dilma

Dilma e Raul Castro: ela disse que não vai debater a questão dos direitos humanos na ilha (Roberto Stuckert Filho/PR)

Dilma e Raul Castro: ela disse que não vai debater a questão dos direitos humanos na ilha (Roberto Stuckert Filho/PR)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 18h13.

Havana - A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira, em Havana, que a questão dos direitos humanos deve ser discutida de maneira multilateral, e que o tema não deve ser usado para criticar apenas alguns países, como Cuba, cujo regime é acusado por dissidentes de violações.

Dilma citou a prisão militar de Guantánamo, onde os Estados Unidos mantêm detidos supostos terroristas, e que atraiu atenção internacional devido ao tratamento dado a seus detentos, numa rara menção às alegadas violações atribuídas ao governo norte-americano .

"Nós vamos começar a falar de direitos humanos nos Estados Unidos, a respeito de uma base, aqui, chamada Guantánamo. Vamos falar de direitos humanos em todos os lugares", disse ela a jornalistas.

"Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de combate político-ideológico", afirmou Dilma , que esteve presa e foi torturada durante o regime militar (1964-1985).

A morte na semana passada do dissidente Wilman Villar, que estava em greve de fome em um presídio cubano, colocou pressão sobre Dilma para levantar publicamente a questão da defesa dos direitos humanos durante sua visita à ilha.

"Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso. Então eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral", disse Dilma.

"Nós não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro, ela serve para nós também".

Dilma chegou a Cuba na segunda-feira para uma visita de dois dias. A jornada incluiu reunião com o presidente cubano, Raúl Castro, e um encontro com o ex-líder cubano Fidel deveria ocorrer ainda nesta terça.

O foco da visita da presidente é o comércio bilateral, e novos acordos comerciais com a ilha devem ser assinados. Ela visitará ainda o porto de Mariel, perto de Havana, onde o Brasil ajuda a financiar uma reestruturação de 800 milhões de dólares.

Apesar de tentar manter a questão de direitos humanos longe da agenda de Dilma, o governo brasileiro colocou as autoridades comunistas da ilha em uma posição delicada na semana passada, ao conceder à blogueira cubana dissidente Yoani Sánchez um visto de turista para que ela visite o Brasil.

Sánchez, uma das vozes mais críticas da blogosfera de Cuba, já recebeu antes outros vistos para viajar ao exterior, mas não obteve a permissão de saída que os cubanos precisam para entrar em um avião.

Questionada sobre as intenções da blogueira, que planeja vir ao Brasil em fevereiro para a estreia de um documentário sobre Cuba, Dilma disse que os procedimentos estão à cargo do governo cubano.

"O Brasil deu seu visto para a blogueira. Agora os demais passos não são da competência do governo brasileiro", disse Dilma.

Na quarta-feira, a presidente viajará ao Haiti, onde tropas brasileiras lideram a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país desde 2004.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCubaDiplomaciaGoverno Dilma

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pde sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua