Brasil

Em carta, Lula reafirma candidatura para conter pressão no PT

Em conversas reservadas, lideranças importantes do PT avaliam que o partido corre o risco de ficar isolado se insistir na candidatura de Lula até o fim

Lula: "Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime" (Dado Galdieri/Bloomberg)

Lula: "Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime" (Dado Galdieri/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de maio de 2018 às 20h29.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta pessoal nesta quarta-feira, 9, à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, na qual reforça a postura da senadora de evitar os debates sobre plano "B" ou apoio a Ciro Gomes (PDT) no partido. "Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime", diz o ex-presidente.

A mensagem foi enviada um dia depois de o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa ter anunciado que não será candidato à Presidência. A desistência de Barbosa aumentou as pressões internas para que Gleisi desinterdite o debate sobre alternativas a Lula, condenado e preso pela Lava Jato. Hoje, quem ousar falar sobre cenários eleitorais sem o ex-presidente no PT é taxado de traidor.

Em conversas reservadas, lideranças importantes do PT avaliam que o partido corre o risco de ficar isolado se insistir na candidatura de Lula até o fim. Eles argumentam que, sem Barbosa, Ciro deve atrair por inércia aliados históricos do PT como PCdoB e, talvez, o PSB. Segundo estas fontes, para não ficar isolado o PT precisa começar já a articular uma alternativa a Lula.

Na carta enviada a Gleisi, Lula diz que a presidente do PT tem sido "atacada" por se manter fiel à sua candidatura. Segundo o ex-presidente, seus "concorrentes" não o querem como candidato. No final da carta, Lula joga um balde de água fria naqueles petistas que esperavam uma iniciativa por parte do ex-presidente.

"Não cometi nenhum crime. Por isso sou candidato até que a verdade apareça e que a mídia, juízes e procuradores mostrem o crime que cometi ou parem de mentir", insiste Lula.

Leia a íntegra da carta:

"Querida Gleisi,

Estou acompanhando na imprensa o debate da minha candidatura, ou Plano B ou apoiar outro candidato. Sei quanto você está sendo atacada. Por isso resolvi dar uma declaração sobre o assunto. Quem quer que eu não seja candidato eu sei, inclusive, as razões políticas, pois são concorrentes. Outros acham que fui condenado em 2a. instância, então sou culpado e estou no limbo da Lei da Ficha Suja.

Os meus acusadores sabem que sou inocente. Procuradores, juiz, TRF-4, eu sou inocente. Os meus advogados sabem que eu sou inocente. A maioria do povo sabe que eu sou inocente. Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime. Não cometi nenhum crime.

Por isso sou candidato até que a verdade apareça e que a mídia, juízes e procuradores mostrem o crime que cometi ou parem de mentir. O povo merece respeito. O povo tem que ter seus direitos e uma vida digna. Por isso queremos uma sociedade sem privilégios para ninguém, mas com direitos para todos.

Lula"

 

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Gleisi HoffmannLuiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP