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Em carta, irmão de Campos pede que Marina seja candidata

Em texto enviado ao PSB, Antônio Campos afirmou que candidatura de Marina Silva seria desejo do presidenciável morto em acidente aéreo ontem

A ex-senadora Marina Silva (Jonathan Fickies/Bloomberg)

A ex-senadora Marina Silva (Jonathan Fickies/Bloomberg)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 14 de agosto de 2014 às 17h27.

São Paulo – Um dia após a morte de Eduardo Campos, o advogado Antônio Campos, irmão do presidenciável, defendeu a candidatura de Marina Silva em carta enviada ao PSB. No texto, ele afirmou que esta seria a vontade do ex-governador, vítima de um acidente aéreo na manhã de ontem.

“Como filiado ao PSB, membro do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes, presidente do Instituto Miguel Arraes (IMA) e único irmão de Eduardo, externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo Brasil liderada pelo PSB”, escreveu.

Marina é candidata à vice-presidente na chapa da coligação que une PSB, Rede Sustentabilidade, PPS, PPL, PRP e PHS. Com a morte de Campos, os partidos têm dez dias para escolher quem o substituirá na corrida eleitoral. 

Com o título "Não vamos desistir do Brasil", frase dita por Campos em entrevista ao Jornal Nacional na segunda, o texto relembra a trajetória política de Miguel Arraes, avô de Eduardo e Antônio, e apresenta o irmão como heredeiro do legado do fundador do PSB. 

"Desde 2013, [Eduardo] vinha fazendo o debate dos problemas e do momento de crise por que passa o Brasil, querendo fazer uma discussão elevada sobre nosso país", escreve. "Não vamos cultivar as cinzas desses dois grandes líderes, mas a chama imortal dos ideais que os motivava", continua. 

Veja íntegra da carta: 

“Não vamos desistir do Brasil

A minha perda afetiva do único irmão é imensa, mas é grande a perda do líder Eduardo Campos, político de talento e firmeza de propósitos.

A nossa família tem mais de 60 anos de lutas políticas em defesa das causas populares e democráticas do Brasil. O meu avô Miguel Arraes foi preso e exilado, não se curvando à ditadura militar. Eduardo Campos continuou o seu legado com firmeza de propósitos, tendo trazido uma nova era de desenvolvimento para Pernambuco. Desde 2013 vinha fazendo o debate dos problemas e do momento de crise por que passa o Brasil, querendo fazer uma discussão elevada sobre nosso país. Faleceu em plena campanha presidencial, lutando pelos seus ideais e pelo que acreditava.

O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco para viver os seus sonhos pessoais e coletivos. Ambos faleceram, no dia 13 de agosto, e serão plantados no mesmo túmulo, no Cemitério de Santo Amaro, em Recife, túmulo simples, onde consta uma lápide com a frase do poeta Carlos Drummond: “tenho duas mãos e o sentimento do mundo”.

Essas sementes de esperança e de resistência devem inspirar uma reflexão sobre o Brasil, nesse momento, para mudar e melhorar esse país, que enfrenta uma grave crise, sendo a principal dela a crise de valores. Não vamos cultivar as cinzas desses dois grandes líderes, mas a chama imortal dos ideais que os motivava.

Como filiado ao PSB, membro do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes, presidente do Instituto Miguel Arraes (IMA) e único irmão de Eduardo, que sempre o acompanhou em sua trajetória, externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo Brasil liderada pelo PSB, devendo a coligação, após debate democrático, escolher o seu nome e um vice que una a coligação e some ao debate que o Brasil precisa fazer nesse difícil momento, em busca de dias melhores. Tenho convicção que essa seria a vontade de Eduardo.

Agradeço, em nome da minha família enlutada, as mensagens do povo brasileiro e de outras nacionalidades.

Antônio Campos
Advogado e escritor"

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