Brasil

Em carta, americano diz quem é o responsável pela crise

Para o escritor Mark Manson, o maior vilão do país não é o político ou a corrupção


	Manifestante segura cartaz contra corrupção em Porto Alegre
 (REUTERS/Gustavo Vara)

Manifestante segura cartaz contra corrupção em Porto Alegre (REUTERS/Gustavo Vara)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2016 às 17h35.

Escândalos de corrupção, crise econômica, caos na política e muita injustiça e insegurança. Quem nunca se perguntou por que o Brasil parece ter estagnado (e até dado marcha ré)? Bom, um americano deu um palpite -- e você provavelmente não vai gostar desta opinião.

O escritor Mark Manson publicou em seu site um texto intitulado "Uma Carta Aberta ao Brasil", no qual diz que o maior vilão do País não é o político ou a corrupção. "Então aí vai: é você", rebateu. "Sim, você mesmo que está lendo esse texto. Você é parte do problema. Eu tenho certeza de não é proposital, mas você não só é parte, como está perpetuando o problema todos os dias."

Segundo Mark, nos quatro anos em que morou no Brasil, foi abordado diversas vezes por brasileiros que o questionaram sobre os motivos de o Brasil não ser tão próspero e seguro como países da Europa e os EUA. "No passado, eu tinha muitas teorias sobre o sistema de governo, sobre o colonialismo, políticas econômicas, etc. Mas recentemente eu cheguei a uma conclusão."

Para o escritor, apesar dos brasileiros criticarem injustiças, são eles, muitas vezes, os injustos. Ele critica como o povo beneficia amigos, familiares e conhecidos e não toda a sociedade.

"Nos países mais desenvolvidos o senso de justiça e responsabilidade é mais importante do que qualquer indivíduo", diz. "Eu percebo que vocês brasileiros se sacrificam e fazem de tudo por suas famílias e amigos mais próximos e, por isso, não se consideram egoístas. Mas, infelizmente, eu também acredito que grande parte seja extremamente egoísta, já que priorizar a família e os amigos mais próximos em detrimento de outros membros da sociedade é uma forma de egoísmo."

Além do egoísmo, o brasileiro é vaidoso, segundo o autor. "As pessoas por aqui estão muito mais preocupadas com as aparências do que com quem eles realmente são."

"Isso explica porque os brasileiros ricos não se importam em pagar três vezes mais por uma roupa de grife ou uma joia do que deveriam", continua. "É uma forma de se sentirem especiais e parecerem mais ricos. (...) No fim das contas, esse é o motivo pelo qual um brasileiro que nasceu pobre e sem oportunidades está disposto a matar por causa de uma motocicleta ou sequestrar alguém por algumas centenas de Reais. Eles também querem parecer bem sucedidos, mesmo que não contribuam com a sociedade para merecer isso."

De acordo com o texto, é esta vaidade que faz com que o brasileiro evite bater de frente com os outros. "Por aqui, se alguém está 1h atrasado, todo mundo fica esperando essa pessoa chegar para sair. Se alguém decide ir embora e não esperar, é visto como cuzão. Se alguém na família é irresponsável e fica cheio de dívidas, é meio que esperado que outros membros da família com mais dinheiro ajudem a pessoa a se recuperar", escreveu Mark.

O texto publicado na última quinta-feira (11), depois do último dia oficial do Carnaval, teve grande repercussão nas redes sociais, dividindo opiniões entre os usuários.

Para terminar a carta ao Brasil, Mark diz que a cultura envolta deste "jeitinho brasileiro" não vai mudar tão cedo e que as coisas não vão melhorar nesta década. "Você está ferrado. Você pode tirar a Dilma de lá, ou todo o PT. Pode (e deveria) refazer a constituição, mas não vai adiantar. Os erros já foram cometidos anos atrás e agora você vai ter que viver com isso por um tempo."

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesJeitinho brasileiroPolíticaViolência urbana

Mais de Brasil

Chuvas fortes no Nordeste, ventos no Sul e calor em SP: veja a previsão do tempo para a semana

Moraes deve encaminhar esta semana o relatório sobre tentativa de golpe à PGR

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização