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Em baixa no Nordeste, Bolsonaro viaja a reduto de Lula e Ciro em fevereiro

Na mais recente pesquisa EXAME/IDEA, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberia 41% dos votos no primeiro turno se as eleições fossem hoje, seguido por Jair Bolsonaro (PL), com 24%

Presidente Jair Bolsonaro. (Andressa Anholete/Getty Images)

Presidente Jair Bolsonaro. (Andressa Anholete/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 14h44.

Última atualização em 18 de janeiro de 2022 às 15h14.

Em clima de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve visitar no mês que vem Estados do Nordeste, segundo maior colégio eleitoral do País. Reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é a região na qual o atual presidente enfrenta maiores índices de rejeição. Em conversa com apoiadores nesta terça-feira, 18, o chefe do Executivo sinalizou que viajará em fevereiro à Paraíba e ao Ceará, berço político do ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto e, assim como Lula, também rival de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022.

Desde que recebeu alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde ficou internado com um quadro de obstrução intestinal no começo de janeiro, o presidente tem feito acenos às suas principais bases eleitorais e reciclado ataques contra as instituições. Pressionado pelo efeito eleitoral da alta da inflação, também voltou a criticar a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos Estados, considerado por ele como o "vilão" do preço dos combustíveis no País.

Agora, Bolsonaro mira em um público que costuma votar no PT e, principalmente, em Lula: a população mais pobre do Nordeste. Como trunfo para conquistar esse eleitor, o presidente tem o Auxílio Brasil de R$ 400, que substituiu o programa de transferência de renda Bolsa Família, dos governos petistas. "Vou estar no mês que vem na Paraíba e acho que Ceará também", disse o chefe do Executivo a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Na última sexta-feira, 14, Bolsonaro já havia citado o Auxílio Brasil em um aceno aos eleitores do Nordeste. Durante uma entrevista para a Rádio Uirapuru Jaguaribana, do Ceará, disse que seu governo se resume em "auxílio, obras e pautas conservadoras". O presidente também aproveitou para atacar Lula e partidos de esquerda.

Em seis de janeiro, um dia após sair do hospital, Bolsonaro concedeu uma entrevista à TV Nova Nordeste, elogiou a região e citou obras locais. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 14 de dezembro, Bolsonaro alcança 67% de rejeição no Nordeste acima dos 60% no Brasil como um todo. Em 2018, o presidente perdeu na região para o então candidato do PT, Fernando Haddad.

Agenda

Na semana seguinte à alta hospitalar, em tentativa de recuperar popularidade, Bolsonaro reservou sua agenda para entrevistas - a maioria a órgãos de imprensa alinhada ao governo - participação em culto evangélico e a presença em partida de futebol organizada por cantores sertanejos. A nova postura do presidente ocorreu ao mesmo tempo em que ele estava enfrentando dificuldades para se defender de críticas nas redes sociais, seu principal canal de contato público.

De 6 a 13 de janeiro, Bolsonaro voltou a criticar os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, seus alvos prediletos no Supremo Tribunal Federal (STF), escalou o conflito com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em torno da vacinação infantil contra a covid-19 e usou a inflação de 10 67% de 2015, no governo da petista Dilma Rousseff, para justificar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 10 06% em 2021.

Críticas a adversários

Hoje, Bolsonaro também fez uma crítica velada ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos), pré-candidato à Presidência da República. "Depois da saída de um cara que estava na Justiça, não vou falar o nome dele aqui, eu acho que quintuplicou a apreensão de drogas", afirmou a apoiadores.

Em 10 de janeiro, o Bolsonaro já havia criticado o ex-juiz da Lava Jato. Em entrevista exibida naquele dia pela rádio Jovem Pan, questionou se Moro entrou no governo em 2019 com o objetivo de se preparar para concorrer a presidente. "Ele foi no meu governo para fazer um trabalho sério, para se blindar ou para se preparar para ser futuro candidato à Presidência da República? Têm três alternativas. Não deu certo, tirei ele fora, tinha que tirar", declarou.

Sobre Lula, Bolsonaro tem dito que o petista quase “quebrou” a Petrobras e pode voltar à “cena do crime” junto com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), que negocia uma aliança para ser vice na chapa do PT.

"Muitos de vocês, a maioria de vocês que trabalham comigo poderiam estar muito bem fora (na iniciativa privada), mas estão aqui dando a sua cota de sacrifício, ajudando esse Brasil aqui a realmente, vencer essa crise aqui, que se encontra no momento, e fazer também com que não volte para as mãos de bandidos, canalhas, que ocupavam esse espaço aqui para assaltar o País para um projeto de poder", declarou Bolsonaro, durante o lançamento de linhas de crédito para o setor de Aquicultura e Pesca no Palácio do Planalto, em 12 de janeiro.

Pesquisa

Na mais recente pesquisa EXAME/IDEA, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberia 41% dos votos no primeiro turno se as eleições fossem hoje, seguido pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL), com 24%, e pelo ex-juiz Sergio Moro (Podemos), com 11%. Já o ex-governador Ciro Gomes (PDT) teria 7% dos votos e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), receberia 4%.

Na pergunta espontânea, na qual não são oferecidos nomes de candidatos aos entrevistados, o ex-presidente tem 34% das intenções de voto. Houve um avanço de seis pontos percentuais de Lula em relação ao levantamento de dezembro, quando recebeu 28% das menções espontâneas. O presidente Jair Bolsonaro tem 20% das indicações na pesquisa espontânea, mesmo percentual registrado em dezembro.

A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 9 e 13 de janeiro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-03460/2022.

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