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Em ata, Copom vê cenário benigno de inflação

Copom também afirma que ajustará a política monetária caso não haja convergência da inflação para o centro da meta do governo

Banco Central divulgou ata da última reunião do Copom (João Ramid/Veja)

Banco Central divulgou ata da última reunião do Copom (João Ramid/Veja)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2010 às 09h58.

São Paulo - O Banco Central disse nesta quinta-feira que o balanço de riscos atual aponta para a concretização de um cenário benigno de preços, mas que ajustará prontamente a política monetária caso não haja convergência da inflação para o centro da meta perseguido pelo governo.

"O balanço de riscos atual ainda aponta para a concretização de um cenário benigno, no qual a inflação seguiria consistente com a trajetória de metas", afirmou o órgão na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira. Na ocasião, o colegiado do BC manteve a Selic em 10,75 por cento ao ano.

A instituição alertou, no entanto, que caso esse cenário não se concretize logo, a postura de política monetária será ajustada de modo a garantir a convergência entre o ritmo de expansão da demanda e o da oferta.

"Dito de outra forma, caso a inflação não convirja tempestivamente para o valor central da meta estabelecida pelo CMN, a política monetária atuará a fim de redirecionar a dinâmica dos preços e, portanto, assegurar que a meta seja atingida."

O alvo da autoridade monetária é de uma inflação de 4,5 por cento em 2010, pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Segundo o Copom, desde a reunião realizada em 31 de agosto e 1o de setembro, o cenário de curto prazo foi negativamente impactado pela alta dos preços de alimentos, em razão sobretudo de choques de oferta.

Mas o colegiado lembrou também que há defasagens entre a política monetária e seu efeito sobre a economia real para considerar que as altas feitas desde abril ainda não foram totalmente sentidas.

"Dessa forma, a análise de decisões alternativas de política monetária deve se concentrar, necessariamente, no cenário prospectivo para a inflação e nos riscos a ele associados, em vez de privilegiar valores correntes e passados para essa variável."

Visão "Bimodal"

O BC disse ainda que "a intensidade e a frequência dos choques a que têm sido submetidas tanto a economia global quanto a brasileira nos últimos anos impõem desafios adicionais à análise do cenário prospectivo", o que se manifesta em visões distintas dos analistas sobre o Brasil.

"Evidências a esse respeito se manifestam, por exemplo, no caráter bimodal da visão dos analistas consultados pelo Banco Central, visto que uma parte percebe um cenário inflacionário benigno, no qual a taxa Selic permaneceria estável no horizonte relevante; ao mesmo tempo em que outra parcela mostra ceticismo e advoga elevação da taxa básica", segundo a ata.

O BC ressalta, no entanto, que "no passado recente" tem se observado estabilidade do nível de utilização da capacidade instalada e moderação no dinamismo do mercado de trabalho.

"Nesse contexto, é plausível afirmar que os fatores de sustentação desses riscos domésticos mostram desaceleração. Citem-se adicionalmente os sinais de que a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo e, assim, os efeitos das pressões de demanda e do elevado nível de utilização dos fatores sobre o balanço de riscos para inflação tendem a arrefecer."

O BC ainda reiterou que a dinâmica do cenário externo tem um viés desinflacionário sobre o Brasil e voltou a falar da taxa neutra de juro, ressaltando o cumprimento da meta de inflação nos últimos seus anos.

"Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária", afirmou a ata.

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