Brasil

'Em 60 anos de diplomacia, nunca vi nada parecido', afirma Amorim sobre tarifaço de Trump a Lula

Assessor para Assuntos Internacionais da Presidência avalia que falta clareza às ações do governo dos EUA

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 10 de julho de 2025 às 13h15.

Última atualização em 10 de julho de 2025 às 13h40.

O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, criticou na manhã desta quinta-feira, 10, a carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o anúncio de um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros.

No documento, Trump diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro sofre uma “caça às bruxas” do Judiciário e faz ataques às instituições brasileiras. Segundo Amorim, falta clareza nas ações da Casa Branca.

"A carta começa falando de Bolsonaro, da Justiça, do Supremo, e depois muda para tarifa. Em mais de 60 anos de diplomacia, nunca vi nada parecido", declarou ao jornal O Globo o ex-chanceler de Lula nos dois primeiros mandatos.

A carta de Trump ao presidente brasileiro contém a informação de que os produtos brasileiros receberão uma sobretaxa de 50% a partir do mês que vem. O mandatário americano justificou a medida com motivos políticos, com destaque ao tratamento dado pelo Judiciário ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a empresas de tecnologia dos Estados Unidos.

Aliado de Trump, Jair Bolsonaro é réu em um processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado, que culminou com os atos de 8 de janeiro. A expectativa é que Bolsonaro e outros supostos participantes da trama sejam julgados até o próximo mês de setembro.

Amorim afirmou que a resposta a ser dada pelo governo brasileiro já foi divulgada na noite de quarta-feira. Após uma reunião ministerial de emergência, no Palácio do Planalto, Lula se manifestou com uma publicação em que dizia que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”, em uma indicação de que pode haver retaliação por parte do governo brasileiro.

"O Brasil é um país soberano, com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém", enfatizou o presidente nas redes sociais.

Durante a reunião no Planalto, ficou decidido que a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luísa Escorel, convocaria, pela segunda vez no mesmo dia, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília. A diplomata disse a Escobar que o Brasil iria devolver a carta, por considerar o texto ofensivo e com afirmações inverídicas sobre o país, incluindo erros factuais.

Antes mesmo de chegar ao governo brasileiro, a carta já havia sido divulgada informalmente. O conteúdo fora publicado por Trump na rede social Truth Social.

Acompanhe tudo sobre:Celso AmorimGoverno LulaDonald TrumpTarifas

Mais de Brasil

Rio usará 'legado de energia' da Olimpíada para criar hub de data centers que terá supercomputador

O que diz o projeto que proíbe uso de animais em testes de cosméticos?

Fim do diploma de papel: entenda o que mudou e quais são as novas regras

Tarcísio tem 46% das intenções de voto no 1º turno ao governo de SP em 2026, diz GERP