Economista diz que expansão do crédito e consumo pressionaram a demanda, mas gastos públicos também tiveram forte impacto (Lia Lubambo/ EXAME)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 11h17.
São Paulo - O Banco Central (BC) anunciou nesta sexta-feira (3/12) o aumento do compulsório para fazer frente à alta na demanda e à crescente expectativa de inflação. Entretanto, na opinião do economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, a medida só será eficiente se vier acompanhada de um programa consistente para reduzir os gastos do governo.
"Se o BC trabalhar para restringir a demanda e o governo continuar expandindo seus gastos, estaremos no pior dos mundos", disse Solimeo. O economista reconhece que a medida do banco é necessária, porque há uma "inquestionável alta da demanda". Neste caso, a elevação do compulsório tem um efeito mais rápido do que um aumento dos juros praticados pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Por outro lado, ele explica que não é só o consumo e a expansão do crédito que estão pressionando os índices de inflação. Os gastos públicos, em franca expansão nos últimos anos, também impactam no consumo. E até agora, a equipe de transição para o novo governo não deu sinais de que estuda um ajuste fiscal que leve a cortes nas despesas do governo.
O economista disse ainda que não descarta um aumento dos juros na próxima reunião do Copom, na semana que vem. "Meirelles deixou claro que estas medidas não são necessariamente substitutas da elevação das taxas de juros. Elas podem ser complementares. O fato é que o BC já fez sua parte. Agora o mercado espera um programa forte do lado fiscal. Senão, vamos ficar enxugando gelo", afirmou.
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