Tabata: deixar o mandato e disputar as eleições de 2020 contraria o que o grupo de renovação política propõe. (Luis Macedo/Câmara dos Deputados do Brasil/Wikimedia Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de julho de 2019 às 10h42.
Última atualização em 16 de dezembro de 2019 às 19h23.
São Paulo - Ainda que nomes como o da deputada Tabata Amaral (PDT-SP) tenham ganhado projeção após enfrentar o partido e votar pela reforma da Previdência, deixar o mandato e disputar as eleições de 2020 contraria o que grupos de renovação política como o RenovaBR - do qual a parlamentar faz parte - preveem para quem passa por seus cursos de formação.
"Afastar-se do mandato para disputar outra eleição enquanto desempenha seu primeiro mandato eletivo representa um descompromisso com nossa instituição", afirmou o fundador do RenovaBR, o empresário Eduardo Mufarej. O grupo tem apoio de nomes como o apresentador Luciano Huck.
Antes de Tabata contrariar a orientação do PDT sobre a reforma da Previdência, líderes do partido cogitavam uma candidatura da deputada para disputar a Prefeitura de São Paulo no ano que vem.
Após votar a favor de mudanças na aposentadoria, ela foi suspensa pela legenda. Pesquisa da consultoria Ideia Big Data mostrou que sua aprovação subiu de 30% para 61% em julho, após a votação da Previdência na Câmara. A parlamentar já negou que pretende concorrer à Prefeitura paulistana em 2020.
Entre os nove integrantes da "bancada do RenovaBR" na Câmara, apenas a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR) foi contrária à reforma da Previdência. O RenovaBR disse que não influencia o voto de parlamentares e apoia a formação de quadros "independentemente da ideologia". Segundo Mufarej, "atritos" não vão mudar a forma como os candidatos são selecionados pelo RenovaBR. "Ninguém foi pego de surpresa, o cenário real da política sempre foi apresentado", disse. "Não formamos lideranças para uma bolha."
'Clandestinos'
Nesta semana, o ex-ministro Ciro Gomes, que disputou a Presidência pelo PDT no ano passado, chamou grupos de renovação de política de "partidos clandestinos". A economista e conselheira do movimento Livres, Elena Landau, rebateu. "Não adianta falar em clandestinidade. Eu também não sei como os partidos gastam o dinheiro do fundo público", disse. Para ela, os grupos devem ser transparentes. "É importante que os movimentos digam como são seus estatutos, como as pessoas são escolhidas e prestem contas."
Presidente do Livres, Paulo Gontijo afirmou que "movimentos políticos sempre lançaram candidatos". "Queremos melhorar os partidos, não extinguir ou sabotar." O presidente do Transparência Partidária, Marcelo Issa, defendeu alterações nas legislações partidárias para haver mecanismos de democratização dos processos internos de tomada de decisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.