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Luciano Bivar sobre nome da terceira via: ‘Não vai dar em nada’

Pré-candidato do União Brasil ao Planalto afirma que abandonou o grupo após perceber que cada partido só pensa em sua ‘paróquia’

Bivar acredita que disputas internas no PSDB e no MDB só serão resolvidas pelos tribunais (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Bivar acredita que disputas internas no PSDB e no MDB só serão resolvidas pelos tribunais (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 23 de maio de 2022 às 10h19.

Um dos idealizadores da candidatura única à Presidência da chamada terceira via, o deputado federal Luciano Bivar (União-PE), agora, faz duras críticas ao grupo que reúne MDB, PSDB e Cidadania. O parlamentar diz não ver chance de um consenso e justifica ter abandonado o projeto por perceber que cada um estava pensando unicamente em seu partido. O parlamentar pretende oficializar sua própria pré-candidatura ao Palácio do Planalto, de forma independente das demais siglas, em evento no próximo dia 31.

— Não vai dar em nada (a candidatura da terceira via), não vão apresentar nenhum candidato. Tivemos esse sentimento de que não ia a lugar nenhum, que não haveria uma concordância de princípio. Ninguém pensa em projeto Brasil. Sentimos que cada um estava muito pensando no seu partido, isoladamente na sua paróquia — criticou.

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Após a saída do União Brasil do grupo, os presidentes de PSDB, MDB e Cidadania tentam convencer o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) a deixar a disputa em favor da senadora Simone Tebet (MDB-MS). A decisão foi tomada após uma pesquisa contratada pelas legendas apontar a emedebista com a menor rejeição do eleitorado. O tucano, no entanto, resiste sob o argumento de que foi escolhido como candidato à Presidência em prévias realizadas em novembro pela sua sigla.

Na avaliação de Bivar, tanto no MDB quanto no PSDB a questão deve ser decidida apenas nos tribunais, umas vez que Doria e Simone enfrentam resistências internas. Segundo o deputado, a decisão do União Brasil de deixar o grupo “não tem mais volta” e ele não descarta que sua candidatura seja “chapa pura”, com um vice da própria legenda.

— Necessariamente não é uma candidatura pura, mas temos cacife para ter uma candidatura pura e muito bem representada com os quadros que a gente tem.

'Palpiteiros'

Sem ainda pontuar nas pesquisas, Bivar sustenta que o cenário mudará a partir de agora, quando ele começa a se posicionar publicamente como pré-candidato. A partir de junho, promete viajar pelo Brasil pregando o principal mote de sua campanha, que é o lançamento de um Imposto Único Federal (IUF). Além disso, diz já ter um time de ex-ministros para escrever seu plano de governo, entre eles Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, e o ex-juiz Sergio Moro, que perdeu o posto de presidenciável ao trocar o Podemos pelo União Brasil e, por ora, não tem futuro político definido.

Na semana passada também incorporou à equipe o marqueteiro Augusto Fonseca, demitido da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após divergências internas no PT.

— O partido já definiu e terá lançamento da pré-candidatura no dia 31 de maio. Isso desvanece quaisquer palpiteiros que pensavam que estávamos ali apenas para querer ter uma participação (na disputa).

Embora aliados defendam uma aproximação com o presidente Jair Bolsonaro, Bivar descarta. Segundo ele, o processo democrático que defende é “diferente dos arroubos que acontecem no Planalto contra as instituições democráticas do nosso país”.

O deputado rompeu com Bolsonaro em 2019, após uma disputa pelo controle do cofre do PSL. Neste ano, fundiu sua legenda com o DEM, criando o União Brasil. A sigla recém-criada recebeu de herança o maior caixa das eleições deste ano, com R$ 770 milhões, além do maior tempo de propaganda na TV e no rádio. Diante deste cenário, Bivar afirma ser uma “obrigação moral” se contrapor a Bolsonaro.

— Pelos desígnios da política, hoje sou presidente do maior partido do país. Tenho obrigação moral de me contrapor a isso aí (governo Bolsonaro) — afirmou.

Esta, contudo, não será a primeira vez que ele disputará a Presidência. Em 2006, então à frente do nanico PSL, terminou a corrida pelo Planalto em último lugar, com 62 mil votos. Agora, porém, diz que a candidatura é viável graças à estrutura que o partido conquistou após surfar na onda do bolsonarismo em 2018 e eleger 52 deputados federais, a segunda maior bancada da Câmara. É com base no número de representantes eleitos que a Justiça Eleitoral divide o dinheiro público para financiar as campanhas.

— Em 2006 não tínhamos dinheiro, não tínhamos densidade eleitoral, mas tínhamos o conteúdo. Diferentemente do passado, hoje o União Brasil tem estrutura, tem luz própria, tem condição e conteúdo para levar sua mensagem a todo o recanto desse país.

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