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Reeleição de Garcia vira prioridade no PSDB enquanto Doria patina

Os tucanos reservam a maior fatia de recursos do Fundo Eleitoral da sigla entre candidatos a Executivos estaduais a Garcia

PSDB reserva R$ 21 milhões na expectativa de manter o poder em São Paulo (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

PSDB reserva R$ 21 milhões na expectativa de manter o poder em São Paulo (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de maio de 2022 às 08h41.

Última atualização em 9 de maio de 2022 às 08h48.

A cúpula do PSDB traçou como prioridade nacional neste ano a reeleição do governador Rodrigo Garcia em São Paulo, enquanto João Doria ainda tenta se viabilizar na corrida presidencial. Os tucanos reservam a maior fatia de recursos do Fundo Eleitoral da sigla entre candidatos a Executivos estaduais a Garcia. Serão R$ 21 milhões na expectativa de manter o poder no Estado administrado pela legenda há 28 anos e garantir projeção nacional.

Garcia é tucano filiado há pouco tempo - fez carreira política no antigo DEM, hoje União Brasil, resultante da fusão com o PSL - e precisa se tornar conhecido. Ainda com baixos índices nas pesquisas de intenção de votos, figura atrás de Fernando Haddad (PT), apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), ungido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Garcia detém a máquina pública para alavancar a candidatura, mas enfrenta, como fator de desgaste, a impopularidade de Doria. Para reverter essa situação, o PSDB destinará ao candidato valor equivalente ao teto estabelecido pela Justiça Eleitoral para o Estado. O atual governador vai receber bem mais do que Doria há quatro anos, quando disputou o Palácio dos Bandeirantes e ficou com R$ 6,2 milhões do partido.

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Não só a campanha de São Paulo será agraciada com altas cifras. Pelo planejamento estratégico do partido, os outros dois Estados comandados por tucanos, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, também terão o limite: R$ 9,1 milhões para os gaúchos, que podem lançar Eduardo Leite, que renunciou de olho no Planalto, e R$ 4 9 milhões para os sul-mato-grossenses, que terão como candidato Eduardo Riedel, ex-secretário do governador Reinaldo Azambuja.

Ao todo serão nove postulantes para chefiar Executivos estaduais. Além de Garcia, Leite e Riedel, estão em páreos regionais Raquel Lyra (PE), Pedro Cunha Lima (PB), Rodrigo Cunha (AL), Alessandro Vieira (SE), Izalci Lucas (DF) e Silvestri Filho (PR). Esses nomes terão menos recursos se Doria for candidato ao Planalto, uma vez que uma campanha presidencial custaria R$ 65 milhões dos R$ 314 milhões do Fundo Eleitoral tucano. Em 2018, foram R$ 185,8 milhões. Geraldo Alckmin, então candidato a presidente, ficou com R$ 53,6 milhões da legenda.

RESISTÊNCIA

Em um gesto para tentar reduzir a resistência da bancada do PSDB na Câmara a Doria, aliados do ex-governador na Executiva dizem que os 22 deputados federais com mandato receberão o teto estabelecido para disputas proporcionais: R$ 2,4 milhões. Em tese, a medida esvaziaria a narrativa de que uma campanha presidencial drenaria recursos.

A maioria da bancada, porém, pressiona o ex-governador a desistir do Planalto. Em um jantar em Brasília na quarta-feira passada na casa do líder tucano na Câmara, Adolfo Viana (BA), os deputados deram uma trégua a Doria, mas demonstraram ceticismo com o projeto presidencial.

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No caso de São Paulo, aliados de Garcia dizem que o problema da candidatura de Doria é político e estratégico: a alta rejeição pode contaminar a campanha de reeleição que precisará de eleitores da faixa bolsonarista para chegar ao segundo turno - por isso há pressão pela desistência de Doria até no Estado. "A questão não é financeira. A candidatura de João Doria tira votos do Rodrigo Garcia em uma eleição que já não será fácil", disse o ex-senador tucano José Aníbal (SP).

Quadros ligados a Garcia mas que são próximos a Doria argumentam que o PSDB precisa fazer da campanha a governador de São Paulo a principal disputa. Na campanha nacional, dizem, não há a menor chance de o partido vencer e a insistência em um nome acentuará divisões internas.

TERCEIRA VIA

Um eventual apoio do PSDB à senadora Simone Tebet (MDB-MS), segundo fontes do partido, não atrapalha a campanha paulista. Já a sobrevida de Garcia no Bandeirantes é considerada crucial para o futuro político do partido, que está em frangalhos e perdeu a capacidade de organização nacional durante a ascensão do bolsonarismo.

Tucanos afirmam que é positivo ter no comando de São Paulo um candidato que é distante tanto de Bolsonaro como de Lula e pretendem vender a ideia aos eleitores de que isso servirá como um sistema de freios e contrapesos ao Planalto, seja lá quem se torne o vencedor. Procurado, Garcia não quis se manifestar.

"Rodrigo Garcia vencerá a eleição em São Paulo. Nacionalmente, o partido avança ciente do compromisso com a democracia brasileira com candidaturas importantes nos Estados e com a construção fundamental da terceira via, onde o PSDB apresenta João Doria", afirmou Marco Vinholi, presidente do PSDB-SP e coordenador da pré-campanha do ex-governador.

Enquanto tenta resolver o impasse, Doria segue em ritmo intenso. Ele já recebeu R$ 2,8 milhões do PSDB e reforçou o caixa com doações de pessoas físicas. A pré-campanha do ex-governador é a mais estruturada da terceira via. Ele usa jatos alugados em viagens e seu comitê em São Paulo tem hoje 25 integrantes.

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