Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 9 de abril de 2024 às 06h01.
Última atualização em 9 de abril de 2024 às 09h15.
Tecnicamente empatados nas principais pesquisas eleitorais de intenção de voto para a prefeitura da cidade de São Paulo, os pré-candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) têm estratégias definidas para buscar o eleitorado nessa fase de pré-campanha.
Ambos participaram da série de entrevistas da EXAME com os pré-candidatos à prefeitura da capital paulista e detalharam seus calendários. A reportagem também conversou com pessoas próximas dos pré-candidatos para traçar os próximos passos.
Nos próximos meses, o atual prefeito terá uma agenda intensa de entrega de obras pela cidade, com a decisão pelo vice no radar. Na entrevista à EXAME, Nunes disse que a cidade de São Paulo tem mais de 1.300 obras sendo realizadas simultaneamente, sendo 95% na periferia da capital.
O atual chefe do Executivo paulistano prometeu entregas ainda esse ano, correndo contra o tempo para seguir as normas eleitorais. Segundo a lei eleitoral, qualquer candidato fica proibido de comparecer, nos três meses que antecedem o pleito, a inaugurações de obras públicas. Ou seja, a partir de julho ele não poderia participar de tais eventos.
Com R$ 11 bilhões em caixa no ano passado, a prefeitura precisou aguardar liberações do Tribunal de Contas do Município (TCM) para iniciar as obras e, por isso, a cidade tem diversas obras simultâneas em ano eleitoral.
Os principais projetos envolvem recapeamento de asfalto, eletrificação da frota de ônibus, reforma de unidades de saúde e educação, além de duplicação de vias e reformas, como da avenida Santo Amaro, que gerou reclamações da população pelo aumento da lentidão.
O prefeito tem realizado entregas todas as semanas para se aproximar da população. Desde novembro, a administração municipal realiza o programa Prefeitura Presente, no qual Nunes passa o dia em regiões da cidade para inaugurar serviços, vistoriar obras, além de dialogar com os moradores da região. Na última quinta-feira, 4, Nunes esteve em Santana, na zona norte, para inaugurar um centro de qualificação profissional, na 26ª edição do evento.
A campanha espera que, com as entregas e sensação de bem-estar da população, a avaliação do governo e as intenções de voto sigam uma crescente.
Na última pesquisa do instituto Datafolha, um em cada três (29%) moradores de São Paulo avaliou como ótimo ou bom o governo de Nunes. A taxa de pessoas que conhecem o atual prefeito também evoluiu de agosto de 2023 até a pesquisa realizada em março.
Diferentemente do seu principal adversário, Nunes terá que definir o seu vice nos próximos meses. É esperado que o nome seja anunciado em julho, época das convenções partidárias. Com a promessa de apoio do PL de Bolsonaro, o vice da futura candidatura de Nunes deve ser um nome ligado ao ex-presidente.
O coronel da reserva da PM Mello Araújo e a ex-presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) Raquel Gallinati são alguns dos cotados. Aldo Rebelo, ex-ministro de governo petistas e agora aliado de Bolsonaro, se filiou ao MDB e entrou na disputa para compor chapa com Nunes.
Boulos, por sua vez, deve se vincular a boas notícias do governo federal, e se apegar ao resultado das eleições de 2022, quando Lula venceu Bolsonaro na capital paulista no segundo turno. É esperado que bons resultados econômicos e uma melhora de bem-estar da população favoreçam essa estratégia.
Em entrevista à EXAME, o deputado federal afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros do governo terão papel importante em sua campanha.
Na mesma conversa, por exemplo, o pré-candidato afirmou que havia conversado naquela manhã com o ministro de Minas e Energia para tratar sobre o caso Enel, após um novo apagão deixar a cidade por nove dias sem energia.
O governo federal entrou com uma ação disciplinar na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contra a empresa pelas seguidas falta de energia na capital paulista. O tema tem entrado no radar eleitoral, com o atual prefeito fazendo críticas públicas à empresa.
Em fevereiro, apesar de ter pouco destaque na agenda, Boulos esteve com Lula no anúncio da parceria com o governador Tarcísio de Freitas para construção de túnel entre Santos e Guarujá. No mesmo dia, a ex-prefeita Marta Suplicy se filiou ao PT para confirmar a presença como vice da chapa com Boulos.
Apesar disso, pessoas próximas ao pré-candidato projetam que a rejeição do candidato crescerá nos próximos meses. No entanto, avaliam que não chegará a um patamar de inviabilizar a campanha.
Aliados do deputado acreditam que a polarização com Nunes vai aumentar, mas a aliança do atual prefeito com o ex-presidente Jair Bolsonaro poderá ser crucial para que Boulos cresça nas pesquisas. Segundo a última pesquisa Datafolha, 62% dos eleitores da cidade rejeitam um candidato apoiado por Bolsonaro.