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ELEIÇÕES 2020: Cresce 21% o número de candidatos militares e policiais

“Coronel”, “Delegado” e “Comandante". Candidaturas que trazem no nome alusão ao militarismo aumentam em relação às eleições de 2016

Militares no Rio de Janeiro: estado tem proporcionalmente o dobro de candidaturas ligadas às forças de segurança do que a média nacional (Ricardo Moraes/Reuters)

Militares no Rio de Janeiro: estado tem proporcionalmente o dobro de candidaturas ligadas às forças de segurança do que a média nacional (Ricardo Moraes/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 4 de outubro de 2020 às 08h01.

O militarismo está em alta. Assim como ocorreu nas eleições de 2018, com a onda conservadora na qual ascendeu o presidente Jair Bolsonaro, membros das forças de segurança continuam deixando batalhões, delegacias e quartéis para participar da política no país.

Este ano houve um crescimento de 21%, em relação às eleições de 2016, na quantidade de candidatos que declaram uma profissão das forças como sua ocupação ou possuem algum apelido que alude ao militarismo. Isso corresponde a 8.730 candidaturas para prefeito e vereador em 2020. Os policiais militares correspondem a 41% deste grupo. É o que mostra um levantamento da EXAME que utiliza dados atualizados do Tribunal Superior Eleitoral. 

Há 5.165 candidaturas com “Coronel”, “Sargento”, “Delegado” e “Comandante” no nome oficial de urna. Considerando somente o apelido, o aumento foi de 64% em relação às eleições de 2016. Sete candidatos utilizam o apelido “Espingarda” e outros cinco se registraram com o termo “Pistola".

Os partidos de direita concentram as candidaturas militares. O PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu presidente em 2018 e se desligou em novembro do ano passado, é a legenda com o maior número de candidaturas ligadas ao militarismo: 810, o que equivale a 9,3% do total.

PSD, Republicanos, MDB, PP e PL têm cada um 6% desses candidatos. Já DEM e Patriota contam com 5%, cada. Embora o militarismo esteja em todos os partidos, até nas legendas de esquerda e da oposição, a direita e o Centrão concentram mais de 70% dessas candidaturas.

No Rio de Janeiro, estado onde o presidente construiu sua carreira política, há proporcionalmente duas vezes mais candidatos ligados às forças de segurança do que a média nacional.  Enquanto o Rio tem 4,7% dos candidatos de todo o Brasil, 9,3% dos ligados ao militarismo estão no estado.

Para o cientista político Sérgio Praça, professor da FGV e colunista da EXAME, na falta de legendas fortes, candidatos que se alinham ao bolsonarismo precisam investir em outras estratégias. "O político que tem o ideal bolsonarista ficou sem partido e a situação do PSL quanto a isso é ambígua. Uma maneira rápida de se colar no presidente é incluir uma patente no nome da urna ou, mais explicitamente, o sobrenome do presidente", diz Praça.

Além disso, Praça lembra que muitos estreantes na cena política que defendem temas como segurança pública, costumes e moralidade também se associam ao universo do militarismo por conveniência. "Pessoas que nunca tinham sido candidatos veem nessa onda uma oportunidade de aumentar suas chances. Já existe a avaliação tácita de que alguém com uma alcunha de coronel ou tenente seja mais honesto do que os outros."

Para chegar ao número de 8.730 de candidaturas, foram considerados os aspirantes a prefeitos e vereadores que declaram serem policiais militares ou civis, bombeiros militares e membros das Forças Armadas ativos ou reformados como ocupação principal.

Um exemplo é a tenente-coronel Andréa Firmo (Republicanos), candidata a vice-prefeita do Rio na chapa do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), primeira mulher do Exército a comandar uma base militar em missão da ONU. Por aparecer fardada em material de campanha da chapa, Firmo responderá a processo administrativo movido pelo Exército. 

Concorrendo contra Crivella também está a deputada estadual Martha Rocha (PDT), que se apresenta na urna como Delegada, devida a sua atuação anterior na Polícia Civil do Estado. 

Parece, mas nem sempre é

Entraram também no levantamento candidatos que, ainda que tivessem outra ocupação no registro, fazem alusão a alguma patente policial ou das Forças Armadas no nome que irá aparecer nas urnas. Foram consideradas siglas, abreviações e grafias variadas, como PM e Rota.

Em 2018, o TSE determinou que militares elegíveis, que não ocupem função de comando, deveriam estar afastados do serviço ativo no momento em que for requerido o seu registro de candidatura.

Se só o critério de declaração profissional valesse, o aumento seria de 13% nas candidaturas desde as últimas eleições. Entretanto, muitos candidatos da onda militarista não se declaram profissionalmente como tal, seja porque já não atuam como agentes de segurança ou porque possuem outras profissões.

Na disputa à prefeitura de Natal, no Rio Grande do Norte, três dos 14 candidatos estão ligados ao militarismo: Coronel Hélio Oliveira (PRTB), Coronel Azevedo (PSC) e Delegado Sérgio Leocádio (PSL). Apenas o primeiro se registrou como das Forças Armadas. Os outros, ainda que tenham carreiras na área de segurança, não se registraram nessa categoria.

 

 

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