Brasil

ELEIÇÕES 2020: Centrão avança sobre candidatos a prefeitos do PSDB e MDB

Partidos que foram bem nas eleições municipais de 2016 perdem seus quadros para PSD e DEM. Migração entre legendas mostra mudança de perfil político

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ambos do DEM: a legenda foi uma das que mais atraíram candidatos de outros partidos para as eleições 2020 (Adriano Machado/Reuters)

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ambos do DEM: a legenda foi uma das que mais atraíram candidatos de outros partidos para as eleições 2020 (Adriano Machado/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 18 de outubro de 2020 às 11h00.

Última atualização em 18 de outubro de 2020 às 11h17.

O pesadelo de 2018 ainda não chegou ao fim para PSDB e MDB. Há dois anos, as legendas perderam cadeiras na Câmara Federal e deixaram de ser protagonistas da política nacional. Nas eleições municipais de 2020, os partidos estão entrando em campo desfalcados porque perderam quadros para o Centrão, principalmente para o DEM e PSD.

Se os candidatos que PSDB e MDB possuem não tiverem um resultado acima da média nas urnas em novembro, a sangria de 2018 que os transformou em legendas médias se repetirá e esses partidos perderão os bons frutos que colheram em 2016. Na dança das cadeiras da migração partidária, o PSD sozinho mordeu 60 candidatos que disputaram 2016 pelo PSDB, o DEM pegou seu naco, 54 candidatos. O partido mais capilarizado do Brasil, MDB, perdeu pedaços para os principais partidos do centrão. DEM arrancou 57, PSD, 59.

Esse movimento de migração partidária ocorre em todos os partidos e todos os anos, mas a direção dos ventos dá pistas de como a eleição vai se desenrolar. O campo político à direita mudou seu perfil. O PSD atraiu para si 467 candidatos a prefeito que tinham a experiência de participar de 2016 em qualquer cargo, e perdeu 276. Ou seja, saiu da disputa com 191 candidatos experientes de saldo positivo. O saldo do DEM é um pouco menor, 182 prefeitáveis. Além dos citados, Progressistas, Republicanos e PSL ganharam espaço. Já PSDB e MDB aparecem na contabilidade partidária com  um saldo negativo de mais de 200 membros, em relação ao último ciclo municipal.

Mas a migração partidária não age sozinha, ela vem acompanhada dos crescimento interno do partido com suas próprias forças. Devido às regras eleitorais que incentivam a fragmentação partidária por razões de sobrevivência frente à futura cláusula de barreira sem coligações proporcionais, as eleições desse ano bateram recorde de candidatos. Foram 10% a mais que 2016. Parte desse aumento é explicado pelo crescimento desses mesmos partidos de direita, especialmente o PSL e o DEM. O PSL em 2016 disputou a prefeitura em 151 cidades diferentes.

Em 2020 o partido estará presente em 719 municípios, um aumento de 376%, segundo dados tabulados pela consultoria MAF dataScience. O relatório aponta que apesar da saída do presidente Jair Bolsonaro da sigla, o PSL conseguiu se firmar e será o 12º partido com mais candidatos. Em quatro anos, o PSL deixou de ser nanico e se colocou como legenda de porte médio.

A migração partidária entre candidatos a prefeito atingiu 28% em 2020, ainda segundo estudo da MAF. O candidato é considerado migrante quando disputou a eleição municipal passada, em qualquer cargo, em um partido diferente do que disputa agora. Essa taxa vem aumentando desde 2012 atingiu o recorde histórico este ano.

Para o cientista político Marco Antonio Faganello, que assina o levantamento, os candidatos migrantes são importantes para os partidos. “A migração partidária pode medir a capacidade dos partidos políticos de reterem candidatos competitivos entre uma eleição e outra, e, ao contrário, também da capacidade deles de conquistarem quadros experientes com uma bagagem de eleitores fiéis”. Porém há um efeito colateral, ele acrescenta, “o distanciamento do partido e do eleitor, e um estímulo ao voto personalista que dilui a identificação partidária.”

Os sinais de encolhimento dessas legendas tradicionais também demonstra o aumento do poder das siglas do chamado Centrão, grupo de partidos que vem aumentando seu poder de influência desde 2018, e sobretudo, após acordo em maio deste ano para embarcar no governo Bolsonaro.

No campo da esquerda, PT e CIDADANIA (antigo PPS) foram os únicos que cresceram de forma expressiva (23,2% e 26,4% respectivamente) a participação no número de prefeituras disputadas em relação a 2016. No mês do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, as candidaturas petistas foram varridas das prefeituras no país inteiro. Esse aumento indica uma tentativa de retorno do partido aos terrenos antes perdidos. PSB, PSOL e PCdoB lançaram menos candidatos a prefeito do que na eleição passada (respectivamente -21,5%, -19,3% e -33,9%).

Na oposição, Faganello explica que “os dados indicam que a ”sangria” que atingiu o PT na eleição de 2016 pode ter sido estancada e que o ônus da crise que atingiu o sistema partidário agora se concentra nos derrotados de 2018.”

 

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2020MDB – Movimento Democrático BrasileiroPartidos políticosPSDBPSL – Partido Social LiberalPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas