O ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (Alan Santos/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 25 de março de 2025 às 08h20.
Última atualização em 25 de março de 2025 às 08h24.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na segunda-feira, 25, que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) "é muito mais útil para o Brasil lá fora do que aqui dentro". O parlamentar se afastou do mandato, na semana passada, e decidiu permanecer nos Estados Unidos, alegando supostas perseguições do Judiciário.
"Nenhum pai quer o filho longe dele. Tem um impacto familiar. Ficamos chateados, mas entendo que a decisão dele foi a melhor no momento. No meu entender ele é muito mais útil para o Brasil lá fora do que aqui dentro", disse o ex-presidente em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
Aliados do deputado licenciado preveem que o filho 03 do ex-presidente só deve retornar ao país em julho ou agosto do ano que vem, próximo às eleições, quando deve se lançar candidato ao Senado por São Paulo ou compor uma chapa à Presidência com o apoio do pai.
Há ainda outra perspectiva sob avaliação no partido: fora do Brasil, fazendo a interlocução com a direita internacional e sem se envolver diretamente em polêmicas do Congresso, Eduardo não se desgastaria e ganharia votos, enquanto o pai se vê às vésperas do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que pode torná-lo réu por participação em uma trama golpista. Assim, teria sua candidatura ainda mais impulsionada ao voltar para o Brasil.
Na última semana, Eduardo anunciou licença do posto por um período inicial de quatro meses, Depois, disse não ter "a mínima possibilidade de voltar ao Brasil", mesmo depois de o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ter se manifestado contra a apreensão do passaporte do parlamentar, que era apontada por ele como principal motivo para abrir mão do mandato. O caso foi arquivado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O pai dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que se Eduardo pedisse asilo político, "o Trump daria na hora".
"Não há a mínima possibilidade de eu voltar ao Brasil, não é um lugar seguro para fazer oposição, mesmo com o meu passaporte", afirmou o deputado em entrevista à Revista Oeste.
O movimento do filho do ex-presidente, que surpreendeu parte do Congresso, é mais uma tentativa de mobilizar aliados diante do possível revés no STF. Na semana passada, Bolsonaro liderou uma manifestação esvaziada em Copacabana, no Rio, onde fez apelos ao Legislativo por uma anistia aos condenados do 8 de Janeiro.
Agora, Eduardo pretende ficar nos Estados Unidos, segundo ele, até que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, seja punido por “abuso de autoridade”. A ideia é continuar a dialogar com integrantes do governo Donald Trump e tentar exercer uma pressão externa sobre a Justiça brasileira.Mesmo licenciado, Eduardo Bolsonaro não perde o mandato, apesar de o salário ser cortado. Na terça-feira, Bolsonaro sugeriu que já recebeu pedidos para manter o filho no exterior e indicou que ele próprio pode bancá-lo financeiramente.