Graça Foster: hoje, Graça é a primeira mulher a assumir a presidência da Petrobras e deixa claro que o êxito é resultado de uma busca constante. (Agência Petrobras/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Brasília - O que há em comum entre uma ministra da Justiça do Trabalho, a presidenta da maior estatal do país, uma almirante e a presidenta de uma grande rede varejista? Ao analisar a trajetória dessas mulheres, a resposta logo vem: a dedicação e a disciplina fizeram essas brasileiras chegar onde estão.
A infância pobre da ministra do Tribunal Superior do Trabalho Delaíde Arantes motivou a menina do interior de Goiás a estudar. Nascida na zona rural de Pontalina, distante cerca de 120 quilômetros de Goiânia, o primeiro trabalho de Delaíde foi como empregada doméstica. De uma família com nove filhos, o serviço era a forma de custear os estudos. Além de doméstica, ela foi também recepcionista, secretária, entre outras atividades.
A ministra decidiu estudar Direito porque, quando criança, sua diversão era ir assistir às sessões do tribunal do júri da cidade. Hoje, ao olhar para trás, Delaíde vê como sua experiência de vida acrescenta ao trabalho. “Eu digo que tenho o privilégio de conhecer as mais diversas realidades. Conheço de perto a realidade do trabalhador”.
Para chegar ao cargo de ministra, Delaíde destaca que o mais importante foi ter foco, uma das coisas que aprendeu na casa onde trabalhou. Prova de reconhecimento é a foto que tem dos primeiros patrões em seu gabinete. A ministra agradece a oportunidade e destaca que é disso que o jovem precisa: “É necessário que existam portas abertas para o jovem passar. Por isso, são importantes políticas públicas, educação de qualidade e oportunidades de estudo, estágio e trabalho”.
A oportunidade foi fundamental para uma mulher que começou como estagiária da Petrobras chegar à presidência da empresa. De origem humilde, a mineira Graça Foster cresceu no Morro do Adeus, no Rio de Janeiro, que hoje faz parte do Complexo do Alemão. Para ajudar em casa, Graça catava papelão e latas e, com o dinheiro, também comprava o material escolar. O esforço levou a jovem à Universidade Federal Fluminense para cursar engenharia química. Foi quando entrou como estagiária na estatal e deu início à sua história com a petrolífera brasileira, que é a décima maior empresa do mundo.
Hoje, Graça é a primeira mulher a assumir a presidência da Petrobras e deixa claro que o êxito é resultado de uma busca constante. “Para estar no espaço que quer, você tem que se preparar, estudar. Não aceite limitações que os outros venham a impor e também não se imponha limitações”.
Graça também foi a primeira mulher a assumir um cargo na diretoria da estatal. Em mais de 30 anos de empresa, a presidenta não se acomoda. Para ela, a vida é uma luta diária. “Eu não me sinto no grupo das mulheres que venceram os obstáculos, me sinto no grupo das mulheres que vêm vencendo os obstáculos. As dificuldades são diárias então, estar nesta posição, é estar todos os dias, todas as horas, vencendo obstáculos. Considero que isso é inerente ao cargo”.
Também a dedicação ao trabalho fez com que a capitão-de-mar-e-guerra médica Dalva Mendes se tornasse a primeira mulher a assumir um cargo de oficial-general das Forças Armadas. Dalva foi promovida pela presidenta Dilma Rousseff ao posto de contra-almirante, o terceiro mais importante da Marinha. A médica entrou nas Forças Armadas em 1981, um ano depois que a legislação permitiu mulheres na Marinha, e hoje é diretora da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória, na Tijuca, no Rio de Janeiro. No dia em que foi promovida a contra-almirante, Dalva concluiu: “É como se eu estivesse renovando votos de casamento com a Marinha. Aquela noiva ansiosa, feliz, emocionada”.
Outra história de destaque é a da presidenta da rede varejista Magazine Luiza. Sobrinha da fundadora da loja, Luiza Helena começou a trabalhar como balconista aos 12 anos, durante as férias escolares e tomou gosto pelo comércio. Hoje, comanda a terceira rede de varejo do país e está à frente de quase 24 mil funcionários. Ao justificar o sucesso, Luiza argumenta que soube tratar bem as pessoas dos dois lados do balcão - tanto o cliente, quanto o funcionário - e defende o trabalho em equipe e a comunicação dentro da empresa.