Paulo Chapchap, diretor do Sírio Libanês: "nossa atuação é junto às autoridades de saúde" (Germano Lüders/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 13 de abril de 2020 às 12h31.
Última atualização em 13 de abril de 2020 às 12h38.
Os presidentes dos dois principais hospitais do País, Sidney Klajner, do Einstein, e Paulo Chapchap, do Sírio Libanês, defendem a necessidade do isolamento social para conter a epidemia do novo coronavírus. “É a única maneira de conter a transmissão”, afirmou Klajner. O tema tem gerado conflitos entre o presidente Jair Bolsonaro, defensor de um relaxamento da quarentena, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, favorável ao isolamento.
Para Chapchap, a falta de unidade no discurso do governo não deve atrapalhar o combate à pandemia. “Nossa atuação é exclusivamente junto às autoridades de saúde”, afirmou o executivo. “Nesse sentido, há grande sinergia”.
Sobre a cloroquina, medicamento que vem sendo apontado pelo governo como uma possível cura para a covid-19, ambos afirmam que ainda não há provas contundentes sobre a sua eficácia. “A evidência científica não é robusta o suficiente”, afirmou Klajner.
Os dois executivos participaram de uma coletiva de imprensa com o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, em que foi anunciada uma doação de 1 bilhão de reais do banco para o combate ao coronavírus. Os recursos serão destinados a um fundo patrimonial (endowment), ligado à Fundação Itaú Social, cuja administração ficará a cargo de um conselho de profissionais de saúde, liderado por Chapchap.
Fazem parte do grupo, além dos presidentes do Einstein e do Sírio, o médico Drauzio Varella, o ex-diretor presidente da Agência Nacional de Saúde (ANS) Maurício Ceschin, o consultor do Conselho dos Secretários de Saúde (CONASS) Eugênio Vilaça Mendes, e o presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), instituição ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Pedro Barbosa.
A doação do Itaú será utilizada para financiar ações em três frentes, segundo Chapchap: informação à população, medidas de prevenção e proteção, cuidados dos doentes e ações para retomada das atividades econômicas. O objetivo é desenvolver iniciativas estruturantes, que possam ficar de legado para o Sistema Único de Saúde. Caberá ao conselho definir onde o dinheiro será aportado.
Para Candido Bracher, essa pandemia deve trazer grandes mudanças na forma de atuação das empresas. “Quanto mais tempo durar o isolamento, mais fragilizada estará a economia na saída”, diz Bracher. “Essa fragilidade vai forçar todos os agentes a reverem a forma como apoiam a economia”.
Segundo o executivo, nenhuma instituição pode ser melhor do que o país em que ela se encontra. Por isso, toda empresa deve se preocupar com as condições sociais das pessoas. “Precisamos cuidar da nossa casa”, afirma Bracher. “Não descansaremos enquanto a pandemia não for superada”.