Brasil

Eike não responde se pagou propina para Cabral

Entretanto, o empresário voltou a admitir que emprestou um de seus aviões ao ex-governador do Rio de Janeiro

Eike Batista: o empresário foi indiciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro (foto/Reuters)

Eike Batista: o empresário foi indiciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro (foto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de julho de 2017 às 17h33.

Rio - O empresário Eike Batista não quis responder se pagou propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), negou que tivesse relação próxima com ele, mas voltou a admitir que emprestou ao peemedebista um dos aviões que tem.

Em interrogatório nesta segunda-feira, 31, o empresário exaltou alguns dos próprios empreendimentos no estado, como o Porto do Açu, em São João da Barra, norte fluminense.

As afirmações foram feitas em depoimento conduzido pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio.

O empresário, fundador do Grupo X, é um dos réus da Eficiência, deflagrada em janeiro.

"Quero colaborar 100% com a Justiça. É o meu dever. Sobre essa questão [suposto pagamento de propina a Cabral], a recomendação dos meus advogados neste instante é ficar em silêncio", disse, num testemunho que durou 13 minutos.

Eike Batista está em processo de elaboração dos anexos do acordo de delação premiada, de acordo com o que a reportagem do Estadão/Broadcast noticiou em julho.

Sobre o acordo de delação, a defesa do empresário não quis fazer comentários à época da publicação.

Eike Batista é acusado de ter pagado US$ 16,5 milhões em propinas a Cabral para obter vantagens nos negócios.

Além disso, teria desembolsado R$ 1 milhão em propina ao ex-governador do Rio por meio de contrato fraudulento com o escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, mulher de Cabral.

"Empreendi alguns grandes projetos no Rio, como o Superporto do Açu e o Porto Sudeste [em Itaguaí], onde foram investidos, em cada um deles, mais ou menos R$ 10 bilhões. Hoje, graças a Deus, ajudam a gerar divisas para o Brasil", disse a Bretas.

O empresário também afirmou ter feito diversas doações a instituições do Rio, como o Hospital da Criança, em Botafogo, na zona sul.

A respeito do empréstimo do avião, disse ter ocorrido, apesar de não haver relação próxima com o ex-governador.

"Eu tinha três aviões e as pessoas sabiam que eles, muitas vezes, estavam parados. As pessoas tinham liberdade de pedir e é difícil dizer não ao governador de usar o seu maquinário", afirmou.

Eike Batista disse que, após um acidente com um dos aparelhos, declarou que não emprestaria mais aviões a políticos. "Assim foi feito", garantiu.

O empresário foi indiciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro e está, atualmente, em prisão domiciliar.

O ex-vice-presidente do Flamengo e ex-executivo do Grupo EBX, Flávio Godinho, também foi interrogado, mas preferiu se manter em silêncio.

"Quero ratificar que tenho total interesse em colaborar, mas vou atender a orientação dos meus advogados e vou ficar calado", explicou.

 

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEike BatistaJustiçaRio de JaneiroSérgio Cabral

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua