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Efeito Bolsonaro pode eleger até 11 governadores no país

A maior vantagem registrada por um apoiador de Bolsonaro se dá no Distrito Federal, onde Ibaneis Rocha (MDB) alcançou 75% da preferência

Acompanhado de agentes da PF e da mulher, Bolsonaro vota no Rio. (Tania Rêgo/Agência Brasil)

Acompanhado de agentes da PF e da mulher, Bolsonaro vota no Rio. (Tania Rêgo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 15h02.

São Paulo - Se as pesquisas de intenção de voto se confirmarem, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) pode ajudar a eleger hoje até 11 governadores alinhados a seu discurso.

Levantamento feito com base nas mais recentes sondagens divulgadas pelo Ibope mostra que das 14 unidades da federação onde a disputa se estendeu ao segundo turno apenas em três os candidatos que lideram não receberam apoio ou declararam voto no deputado.

Diferentemente do esperado pelo próprio PSL, o partido deve sair vitorioso em três disputas: Santa Catarina, Roraima e Rondônia, onde o coronel Marcos Rocha, candidato da sigla, tem 26 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o tucano Expedito Júnior.

A maior vantagem registrada por um apoiador de Bolsonaro, no entanto, se dá no Distrito Federal. Lá, Ibaneis Rocha (MDB) alcançou 75% da preferência.

Em alguns casos, o apoio ao presidenciável foi essencial para que se chegasse ao segundo turno. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Romeu Zema (Novo), que hoje lidera as pesquisas para o governo de Minas Gerais. O candidato chegou a pedir votos para Bolsonaro quando seu correligionário João Amoêdo ainda participava da disputa presidencial - ele ficou em quinto lugar, somando 2,5% dos votos válidos.

"Romeu Zema foi oportunista. E fez isso baseado num cálculo eleitoral, o de que o eleitor poderia alinhar o seu voto, o que realmente aconteceu. Bolsonaro conseguiu alavancar seus aliados nos Estados e no parlamento, como nunca ocorreu antes", afirmou o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP.

O candidato cita o antipetismo para justificar seu voto em Bolsonaro. "Ele tem alguns posicionamentos que vêm ao encontro do Novo. Com Bolsonaro na Presidência e Romeu Zema no governo, Minas Gerais terá uma atenção especial para sair dessa situação crítica em que se encontra", disse Zema, em nota. Ele lidera as pesquisas com 68% das intenções de voto, segundo o Ibope. Seu adversário, o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), tem 32%.

'Ressalvas'

Já o candidato tucano ao governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, resistiu mais à onda Bolsonaro. Só declarou voto no deputado após o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, sair da disputa ao Planalto e ainda hoje diz que esse apoio não é "incondicional". Mas colhe os frutos da decisão ao liderar as pesquisas com 57% das intenções de voto, ante 43% do atual governador, José Ivo Sartori (MDB), que também tenta se aproximar do presidenciável do PSL.

"Eu declarei o voto no Bolsonaro e não deixei de fazer as ressalvas e as críticas aos pontos que eu acho que merecem ressalva, especialmente no que diz respeito à convivência pacífica entre as pessoas. O PT não pode voltar ao poder, dados os problemas que enfrentou, não só de ordem moral, mas de uma política econômica que gerou problemas para o País. Mas isso não significa adesão incondicional às ideias do candidato Bolsonaro", disse Leite à reportagem.

No Rio e em São Paulo, a eleição ainda está aberta. Considerado uma espécie de azarão, o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) até mudou o "vestuário" no segundo turno: de um lado da camisa usa adesivo com seu nome e número; do outro, estampa a foto e o número do presidenciável do PSL. Ele tem 54% ante 46% de seu adversário, Eduardo Paes (DEM).

Witzel, assim como João Doria (PSDB) em São Paulo, tem priorizado discursos favoráveis a Bolsonaro e contrários ao PT, apesar de o partido não disputar o segundo turno no Estado. Doria (50% dos votos válidos) não fica atrás. Abusa de adesivos com o logo "Bolsodoria" para pregar voto no deputado, apesar de a recíproca não ser verdadeira. Procurado pelo tucano no Rio, o presidenciável se negou a gravar com Doria e, assim como no Rio, segue neutro na disputa.

Placar partidário

Com a definição da eleição nos 14 Estados em que a disputa avançou ao segundo turno, a divisão de poder entre os partidos será oficialmente alterada em relação ao mapa de 2014. E, antes mesmo da abertura das urnas, pelo menos três siglas já saem derrotadas: MDB, PSDB e PT.

A maior queda é do partido do atual presidente da República, Michel Temer. Os emedebistas, que elegeram sete governadores há quatro anos, têm a chance agora de vencer em, no máximo, três. O partido foi vitorioso em Alagoas, no primeiro turno, e deve repetir o feito no Distrito Federal e Pará.

O PSDB, que fez cinco governadores em 2014, lidera em três Estados neste segundo turno e não venceu em nenhum no primeiro. Já o PT, que garantiu a vitória em três Estados (Bahia, Piauí e Ceará) no primeiro turno deste ano, pode ganhar também o Rio Grande do Norte, amenizando a queda - a sigla elegeu cinco na eleição passada.

Em compensação, o PSL e o DEM, que estavam fora desse mapa, podem entrar, respectivamente, com três e dois Estados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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