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Eduardo Paes abre espaço para a esquerda e União Brasil de olho em 2024

Após fechar tratativas para entradas de PT, PSB e PDT no secretariado, prefeito do Rio deve acomodar legenda que já está na base do governo federal

Paes: Com a entrada do PT na prefeitura, vamos buscar consolidar uma frente ampla democrática no Rio para enfrentar o bolsonarismo na eleição de 2024 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Paes: Com a entrada do PT na prefeitura, vamos buscar consolidar uma frente ampla democrática no Rio para enfrentar o bolsonarismo na eleição de 2024 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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Agência O Globo

Publicado em 31 de janeiro de 2023 às 08h39.

Com o plano de isolar o bolsonarismo e consolidar o apoio do presidente Lula (PT) para as eleições municipais de 2024, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), costurou ontem as tratativas finais para o ingresso do PT em seu governo. Além dos petistas, que terão três secretarias na prefeitura, Paes já oficializou as entradas na administração municipal de PDT e PSB, siglas de centro-esquerda que apoiam Lula, e pretende até esta sexta-feira fechar dois cargos de primeiro escalão com o União Brasil, partido que também forma a base do governo federal.

Em paralelo às alianças partidárias de Paes, aliados apontam que o prefeito também alimenta outro objetivo, embora tido como mais difícil: criar condições para que o deputado federal reeleito Pedro Paulo Carvalho (PSD-RJ), seu braço-direito, concorra como vice em sua chapa em 2024. Interlocutores de Paes chegaram a levantar a possibilidade de uma filiação de Pedro Paulo ao União Brasil, para que fosse acomodado na chapa sem a necessidade de uma formação “puro-sangue” do PSD, mas o próprio prefeito interditou as conversas.

A avaliação de aliados é que uma negociação envolvendo vice agora desgastaria a relação de Paes com os partidos que estão entrando na base. O PT, agora com três pastas, é outra sigla que resiste à ideia de Pedro Paulo na chapa. Duas lideranças de partidos aliados, porém, ouvidas reservadamente pelo GLOBO, já não descartam aderir ao “plano A” de Paes, a depender da costura política do prefeito para 2024 e também 2026.

Ontem, Paes recebeu na prefeitura o deputado federal eleito Washington Quaquá (PT-RJ) e seu filho, o vice-prefeito de Maricá, Diego Zeidan, para tratar da criação da secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário. A pasta, que será assumida por Zeidan, foi uma das condições colocadas pelo PT para ingressar no governo. O partido, que buscava pastas que lhe dessem abertura para imprimir uma “marca social” à gestão de Paes, também assumirá as pastas de Desenvolvimento Social, com Adilson Pires, e de Meio Ambiente, com a vereadora Tainá de Paula.

— Com a entrada do PT na prefeitura, vamos buscar consolidar uma frente ampla democrática no Rio para enfrentar o bolsonarismo na eleição de 2024 — afirmou Quaquá.

Paes e seu grupo político se movimentaram pelo apoio do PT por vislumbrarem a possibilidade de uma eleição polarizada em 2024, contra um candidato do núcleo duro do bolsonarismo. Além de nomes como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-ministro e general da reserva Eduardo Pazuello (PL), que são cortejados por apoiadores mas até agora não sinalizaram intenção de concorrer, outra possível candidatura bolsonarista é do também ex-ministro e general Walter Braga Netto. Sondado para disputar um cargo majoritário no estado em 2022, antes de ingressar como candidato a vice-presidente na chapa à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto vem atraindo apoio no PL para concorrer à prefeitura, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”.

Na costura para atrair o máximo possível de segmentos da esquerda, Paes oficializou na terça passada a nomeação de Everton Gomes, suplente de vereador do PDT, como secretário de Trabalho. Gomes, que é policial civil, concorreu em 2020 em dobradinha com a deputada estadual Martha Rocha, ex-delegada, que assumiu o comando estadual do PDT neste ano.

Na sexta, foi a vez de Paes contemplar o PSB, ao anunciar a nomeação de Tatiana Roque, professora da UFRJ, como secretária de Ciência e Tecnologia. Embora o presidente do diretório estadual do PSB, Alessandro Molon, não tenha participado da costura, interlocutores avaliam que a nomeação de Roque é um passo que aproxima o partido de uma composição em 2024. Molon, que encerrou seu mandato na Câmara, deve voltar a disputar cargos eletivos somente em 2026, segundo aliados. A indicação da nova secretária partiu de Eduardo Bandeira de Mello, único deputado federal eleito pelo PSB.

— Acho que isso é natural (busca por ampliar aliança), mas pesou também o desejo de Paes de agregar um quadro técnico para a área — disse Bandeira.

Já o apoio do União Brasil, que deve bater o martelo até sexta sobre os cargos e nomes que indicará na prefeitura, foi costurado por Paes junto ao presidente estadual do partido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, e o vice-presidente nacional, Antônio Rueda. Ao GLOBO, Rueda confirmou que o partido acertou “dois espaços” com Paes, com quem se reuniu em Brasília na semana passada.

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