O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) tem o apoio de Eduardo Leite (PSDB) para disputa à Presidência (Divulgação e Bloomberg. Montagem Arte Exame/Exame)
Alessandra Azevedo
Publicado em 22 de abril de 2022 às 17h41.
Última atualização em 22 de abril de 2022 às 18h43.
O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) divulgou uma carta nesta sexta-feira, 22, na qual reconhece o ex-governador de São Paulo João Doria como pré-candidato do PSDB à Presidência da República. Segundo ele, a legenda deve ter um candidato próprio e "hoje este nome é João Doria".
Doria venceu as prévias do PSDB em novembro do ano passado, após uma disputa acirrada com Leite. Mesmo assim, desde então, o ex-governador do Rio Grande do Sul conversava com partidos do centro sobre uma candidatura única da terceira via, que poderia colocá-lo como nome principal.
Leite diz, na carta, que encontrou Doria na última terça-feira e, na conversa, deixou claro que quer passar por cima de divergências internas. Segundo ele, "não faz sentido querer que partidos superem suas diferenças se, dentro do PSDB, não superarmos as nossas".
O ex-governador do Rio Grande do Sul teria dito também que está "disponível para liderar um projeto nacional, se este for o desejo dos partidos do centro democrático, mas se, sobretudo, este for o desejo do PSDB".
Segundo Leite, Doria afirmou que não abre mão de ser o candidato do PSDB à Presidência. "Ele tem este direito e esta legitimidade, vencedor das prévias que foi", diz a carta. "E ele ouviu de mim que não serei eu, que tanto prezo o diálogo democrático, que criarei entrave de qualquer natureza para tirar dele a vontade e o direito que tem", continua.
Leite afirmou que o PSDB deve ter candidato a presidente e "liderar o centro democrático" na corrida presidencial. "Hoje este nome é João Doria, por decisão dele e das prévias — das quais nunca se buscou tirar legitimidade", disse.
Qualquer caminho diferente, segundo Leite, "dependeria de entendimento com o próprio candidato escolhido", Doria. "Assim, me coloco ao lado do meu partido e desta candidatura, na expectativa de que a união do PSDB contribua com a aguardada unificação dos atores políticos do centro daqui até a eleição de outubro", afirmou.
"No PSDB, eu e Doria precisamos um do outro para estarmos mais fortes e unidos para enfrentar a campanha mais importante da história recente do país, independentemente do lugar que ele e eu estejamos ocupando no período eleitoral", ressaltou Leite.
O ex-governador do Rio Grande do Sul também disse que, se quisesse apenas ser candidato à Presidência, "como uma ideia fixa acima de tudo e de todos", teria trocado de partido. "Não foi o que eu fiz. Quando renunciei ao cargo de governador e permaneci no PSDB, deixei claro que estava fazendo tal movimento porque a lei eleitoral exigia."
Doria respondeu à carta, nesta sexta-feira, dizendo que recebeu "com otimismo" a manifestação de Leite, a quem chamou de "expressiva liderança" do partido. "É um gesto honrado, democrático e elogiável", afirmou, em carta.
"O gesto de reconhecimento de Eduardo, do resultado das prévias e pela candidatura única do PSDB para a presidência da república é prova de coerência e bom senso. Finalmente, foram superadas todas as divergências internas, corroborando com o resultado e a legitimidade das prévias que mobilizaram mais de 44 mil eleitores tucanos", escreveu Doria.
Mais cedo, nesta sexta-feira, Leite publicou no Twitter um recorte da pesquisa EXAME/IDEIA mais recente, que mostra o cenário quando ele está na disputa. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) figura como favorito, com 43% das intenções de voto, e Jair Bolsonaro (PL) em segundo, com 34%. Leite aparece com 4%
"Não sou pré-candidato, mas pesquisa divulgada ontem pela @exame nos coloca à frente de candidaturas postas. Agradeço aos brasileiros que nos enxergam como uma alternativa à polarização. Darei minha contribuição, onde for, para ajudar o país a retomar serenidade e equilíbrio", escreveu.