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'É uma coisa tão minha': às vésperas da escolha, Lula diz não querer 'repartir' indicação ao STF

Apesar de fala, nome de Zanin deve ser enviado nesta semana ao Senado para ocupar a cadeira deixada por Ricardo Lewandowski

Lula: "isso é uma coisa tão minha que não quero repartir com ninguém" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Lula: "isso é uma coisa tão minha que não quero repartir com ninguém" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 29 de maio de 2023 às 20h18.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 29, que o nome que indicará ao Supremo Tribunal Federal (STF) é uma "coisa tão" dele que não quer "repartir" com ninguém. Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula teria comunicado a ministros da Corte que vai formalizar a indicação do advogado Cristiano Zanin nos próximos dias, ainda nesta semana. Zanin atuou na defesa do presidente na Lava Jato.

"Isso é uma coisa tão minha que não quero repartir com ninguém", disse Lula, ao ser questionado por jornalistas sobre sua indicação ao Supremo. A declaração foi feita pelo presidente no Palácio do Itamaraty ao chegar para um almoço em homenagem ao dirigente da Venezuela, Nicolás Maduro.

O nome de Zanin deve ser enviado nesta semana ao Senado para ocupar a cadeira deixada em 11 de abril por Ricardo Lewandowski. Cabe à Casa sabatinar o indicado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois, aprovado ou não, o postulante ao cargo é posto à chancela do plenário. Para a aprovação final, é necessária a maioria simples de votos - ou seja, 41 dos 81 senadores.

Como mostrou o Estadão, Lula ignorou pressões e já estava decidido a indicar Zanin para o Supremo. O presidente manifestou a convicção em conversas com vários interlocutores e não escondeu a contrariedade com os fortes ataques a Zanin por parte de petistas.

Relação anterior

A atuação de Zanin foi crucial para que Lula deixasse a prisão e fosse inocentado. O presidente foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP) no âmbito da Lava Jato. Após mais de 500 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o petista deixou a prisão em novembro de 2019, quando o STF voltou atrás no precedente que permitia a prisão de condenados em segunda instância, sem trânsito em julgado (fim dos recursos).

Um ano e meio depois, entre março e abril de 2021, os processos de Lula tiveram duas reviravoltas importantes: Sérgio Moro (hoje senador pelo União Brasil-PR) foi declarado parcial e a 13.ª Vara Federal Criminal da capital paranaense foi considerada incompetente para analisar dos casos de desvios na Petrobras. O destino dado pelo Supremo a esses dois casos, cuja defesa foi patrocinada por Zanin, permitiram a volta de Lula para as urnas.

A campanha pela cadeira de ministro do Supremo virou um vale-tudo e apareceram até mesmo problemas pessoais, brigas e disputas envolvendo Zanin, como seu rompimento com o sogro, o também advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula há 40 anos. Houve, ainda, quem apontasse "impedimento ético" e "conflito de interesses".

Ministros do STF, no entanto, já externaram não ter contrariedade à indicação, como Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. "Não vejo nenhum obstáculo para a indicação de Zanin, que eu reputo como um ótimo advogado e muitas vezes foi incompreendido" disse Gilmar.

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