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"É um golpe dentro do golpe", diz Dilma sobre cassação de chapa

Ex-presidente defendeu a realização de eleições diretas, já que se a chapa for cassada depois do dia 31, o presidente da Câmara assume

Dilma: "É isso que se chama golpe dentro do golpe. Você cria a temporalidade para que haja eleição indireta" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma: "É isso que se chama golpe dentro do golpe. Você cria a temporalidade para que haja eleição indireta" (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 12h00.

São Paulo - A presidente cassada Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira, 30, em encontro com mulheres sindicalistas, existir a tentativa de "um golpe dentro do golpe" e defendeu a realização de eleições diretas já para presidente.

"Assistimos estarrecidos e perplexos todas as tentativas de dar um golpe dentro do golpe. Temos que ter a ousadia de defender mais uma vez eleições diretas para presidente", afirmou Dilma em encontro com mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo.

A petista se referia à possibilidade de cassação da chapa encabeçada por ela e composta pelo presidente Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e explicou que se isso vier a ocorrer depois do dia 31 de dezembro o próximo presidente seria escolhido por meio de eleição indireta pelo Congresso.

"É isso que se chama golpe dentro do golpe. Você cria a temporalidade para que haja eleição indireta", disse Dilma.

Segundo ela, o País vive um estado de exceção no qual todos os adversários do atual regime são considerados inimigos e criminalizados enquanto os amigos do governo são poupados. Para exemplificar a tese, ela citou o caso envolvendo os ex-ministros da Cultura Marcelo Calero e da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima.

"O estado se exceção é capaz de criminalizar alguns atos legítimos e perdoar outros que não são legítimos. Estes dois pesos e duas medidas está ficando claro em várias ações. Sobretudo na dimensão para certas questões. Não é considerado crime por advocacia administrativa defender que se libere a construção de um edifício de 106 andares numa área de patrimônio histórico", afirmou.

Dilma vinculou a Operação Lava Jato ao suposto estado de exceção duas vezes. Na primeira ao dizer que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) trata de forma excepcional os recursos referentes à Lava Jato. Na segunda, ao criticar delações premiadas.

O evento reuniu cerca de 500 pessoas, segundo organizadores, na maioria mulheres sindicalistas, na sede da CUT no bairro do Brás. Foi a primeira vez que Dilma esteve no local. Havia a expectativa da presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ele cancelou a participação em função do depoimento ao juiz Sérgio Moro na condição de testemunha de defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

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