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É obrigação e dever de Lula procurar Trump, diz senador brasileiro nos EUA

Esperidião Amin (PP-SC) defendeu que o prazo para o início das tarifas seja prorrogado. Comitiva de senadores busca apoio de congressistas americanos para reverter medida

Amin: o senador defendeu que o prazo para o início das tarifas seja prorrogado (Divugação/Divulgação)

Amin: o senador defendeu que o prazo para o início das tarifas seja prorrogado (Divugação/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 29 de julho de 2025 às 15h41.

Última atualização em 29 de julho de 2025 às 15h47.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) afirmou nesta terça-feira, 29, que é obrigação e dever do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) procurar o presidente americano Donald Trump para uma conversa sobre as tarifas de 50% que entrarão em vigor a partir de 1º de agosto.

"Em nome da responsabilidade do cargo que exerce, o nosso presidente precisa buscar contato, precisa conversar. Não sei se tem disposição. Sei que é a obrigação, um dever que decorre da ética da responsabilidade", disse Amin após encontro com o senador americano Ed Markey.

O senador defendeu que o prazo para o início das tarifas seja prorrogado, uma vez que a balança comercial entre os países é deficitária para o Brasil. Amin afirmou ainda que o senador americano mencionou durante a reunião com os brasileiros que o preço da madeira nos Estados Unidos já aumentou.

"E o senador disse que o preço da madeira já está subindo. Isso é o que se chama perde-perde. Nós perdemos o mercado de exportação, e o importador perde no preço da construção civil. Portanto, é um verdadeiro perde-perde. Estou trazendo um exemplo em que precisamos de prazo para mensurar, dimensionar e discutir", disse Amin.

Amin participa da comitiva de senadores brasileiros que buscam "abrir portas" com o governo americano. Nesta quarta-feira, os parlamentares brasileiros irão buscar apoio junto aos congressistas dos EUA para adiar ou reverter as tarifas.

A comitiva preparou uma série de dados sobre os impactos que as tarifas de 50% terão para o estado de cada senador ou deputado americano com quem irão conversar. As estatísticas apontam quais são os produtos mais importados e exportados daquele estado para o Brasil.

Busca de isenções

Na segunda, a missão brasileira se encontrou com empresários de diversos setores, como o agronegócio, indústria de transformação, saúde e energia. Também ocorreram encontros com líderes empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council.

Como mostrou a EXAME, o grupo brasileiro tem buscado a defesa de isenções pontuais à nova taxa. "O que está em jogo é que talvez possamos conseguir algumas exceções para determinados produtos, como o café e o suco de laranja, além de alguns manufaturados, como a Embraer", diz José Pimenta, diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJ Consultores e diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Comércio, Investimento e Sustentabilidade (IBCIS).

O mercado americano recebe 30% das exportações de café do Brasil, enquanto o suco de laranja enviado aos EUA representa 42% das vendas brasileiras.

Em 2024, as exportações de frutas brasileiras para os EUA totalizaram US$ 148 milhões. A manga foi o principal item da cesta, com 36 mil toneladas exportadas e uma receita de US$ 45,8 milhões, representando 14% dos embarques brasileiros no período, de acordo com dados da Associação Brasileira de Frutas (Abrafrutas).

O comércio dos EUA com o Brasil tem superavit para os americanos. Pelos dados oficiais brasileiros, os EUA registraram um superávit de US$ 1,7 bilhão com o país no primeiro semestre deste ano, um aumento de cerca de 500% em relação a 2024. O comércio bilateral somou US$ 41,7 bilhões no acumulado de janeiro a junho de 2025. Os produtos mais importados pelo Brasil são motores e máquinas não elétricas, óleos combustíveis e aeronaves.

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