Aloysio Nunes: tucano é suspeito de receber propinas por meio de cartão de banco suíço (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 09h16.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2019 às 09h22.
São Paulo - E-mails do banco Bordier & Cie, de Genebra, revelam que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza teria encomendado um cartão para o ex-ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB). De acordo com a troca de mensagens entre funcionários da instituição financeira, a pedido do "cliente", o cartão, que foi carregado com 10 mil euros, deveria ter sido enviado ao tucano, mas não colocado em seu nome.
As trocas de mensagens fazem parte dos documentos obtidos pela força-tarefa da Lava Jato em cooperação internacional com bancos Suíços. Vieira de Souza foi preso na fase de número 60 da operação, batizada de Ad Infinitum, apontado como suposto operador de políticos do PSDB e também da Odebrecht na geração de dinheiro para seu departamento de propina.
Os documentos em nome da offshore Grupo Nantes revelam que Vieira de Souza chegou a ter a cifra de R$ 130 milhões na Suíça. Boa parte dos papéis está em nome do ex-diretor da Dersa apontado como operador tucano. Pagamentos a esta conta teriam vindo das empreiteiras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht. Investigadores querem saber se outros políticos teriam sido beneficiários de 11 cartões emitidos pelas contas de Vieira de Souza.
Um dos cartões emitidos teria Aloysio Nunes como seu beneficiário - ele foi alvo de buscas e apreensões. O documento foi emitido em 2007, quando o tucano era chefe da Casa Civil do governo José Serra (PSDB), em São Paulo. O cartão, de acordo com as informações do banco suíço, foi enviado ao hotel Majestic, em Barcelona, e recebeu crédito de 10 mil euros.
Além do documento que mostra a emissão do cartão e seu envio a Barcelona, trocas de e-mails também indicam para a entrega do cartão a Aloysio, a pedido de Paulo Vieira de Souza.
A reportagem entrou em contato com a defesa do ex-ministro. O espaço está aberto para manifestação. No dia 19 de fevereiro, quando foi deflagrada a Ad Infinitum, Aloysio Nunes disse que ainda "não teve acesso às informações" da investigação que fazem parte da fase 60 da Lava Jato.
Segundo o tucano, o delegado da Polícia Federal que conduziu as buscas em sua residência "foi muito cortês" mas não revelou a ele os motivos da diligência. "O inquérito está em segredo, eu estou buscando saber o que há."
Aloysio Nunes negou ter recebido cartão de crédito da conta do operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, preso na Ad Infinitum.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Vieira, mas também não obteve resposta. O espaço está aberto para manifestação.