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É cedo para avaliar redução na produção de petróleo, diz Parente

A Opep decidiu reduzir a produção conjunta de petróleo em cerca de 1,2 milhões de barris diários, limitando-a ao máximo de 32,5 milhões de barris/dia

Parente: a Petrobras já tinha anunciado que não mudaria sua estratégia de produção até avaliar os efeitos reais da medid (Paulo Whitaker/Reuters)

Parente: a Petrobras já tinha anunciado que não mudaria sua estratégia de produção até avaliar os efeitos reais da medid (Paulo Whitaker/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 2 de dezembro de 2016 às 19h40.

Dois dias depois da decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de reduzir a produção conjunta de petróleo em cerca de 1,2 milhões de barris diários, limitando-a ao máximo de 32,5 milhões de barris/dia, para forçar uma alta dos preços, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, comentou o possível impacto da medida para o Brasil e o mercado internacional.

Ao participar hoje (2) do encontro anual da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), em São Paulo, Parente declarou que a resolução da Opep terá que ser observada "com muito cuidado".

A Petrobras já tinha anunciado que não mudaria sua estratégia de produção, prevista no Plano de Negócios e Gestão, até avaliar os efeitos reais da medida.

"A decisão da Opep promoveu um crescimento dos preços nos últimos dias, mas isso é algo que temos que olhar com muito cuidado, porque a sustentação desses novos níveis depende muito da produção de shale gas, comentou Parente, referindo-se ao gás produzido a partir do xisto, um tipo de rocha sedimentar cuja composição química é semelhante à do petróleo.

O aprimoramento das técnicas de extração desse gás (polêmicas, devido aos supostos prejuízos para o meio ambiente) e o volume crescente de produção do produto provocaram uma queda no preço do petróleo.

Conforme lembrou Parente, o barril da commodity, que chegou custar US$ 120 entre 2012 e 2014, chegou a menos de US$ 30 entre 2014 e 2015, resultado do excesso de oferta.

Depois que a Opep anunciou que diminuirá a produção de petróleo a partir de janeiro de 2017 e a Rússia (que não integra a organização) confirmou que também deixará de produzir 300 mil barris diários ainda no primeiro semestre do próximo ano, o preço do barril de Petróleo Brent (índice de referência para os mercados europeu e asiático) disparou, chegando a ser negociado por US$ 53.

"A sustentação desses novos valores vai depender muito da produção do shale. Essa [alta do petróleo] pode, na realidade, atrair mais produção para o gás de xisto [mais econômico] e trazer os preços [do petróleo] de volta para níveis entre US$ 40 e US$ 50, que são os níveis que alcançam a economicidade da produção do gás de xisto. Mas eu já ouvi dizer que há produtores capazes de produzir [o shale] confortavelmente mesmo abaixo dos US$ 40", explicou Parente.

Em outubro, quando já se discutia o corte da produção, o secretário nacional do Petróleo, Márcio Félix, representou o Brasil como convidado de uma reunião da Opep.

Na ocasião, ele manifestou a posição do governo federal contrária a qualquer corte. Esta semana, o Ministério de Minas e Energia se limitou a informar que o governo brasileiro não interfere no ritmo de produção das empresas petrolíferas instaladas no país.

Parente comentou os cortes de investimentos da indústria de óleo e gás nos últimos anos e a situação financeira da Petrobras. De acordo com Parente, a dívida de US$ 132 bilhões da estatal é a maior em termos absolutos e relativos de toda a indústria de óleo e gás e representa mais de cinco vezes a capacidade de geração de caixa com as principais operações da empresa.

"Sabemos que um nível como esse não é sustentável. Ainda que a Petrobras financie grande parte dessa dívida no mercado internacional, esse número é bastante elevado e complicado. Em termos de custo da dívida, isso, hoje, representa US$ 6,3 bilhões", comentou Parente.

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