BOLSONARO E MORO: o ministro tenta fazer seu sucessor, mas ainda pode deixar o cargo (Adriano Machado/Reuters)
Lucas Amorim
Publicado em 24 de abril de 2020 às 06h56.
Última atualização em 26 de abril de 2020 às 13h21.
O esperado aconteceu. O presidente Jair Bolsonaro oficializou nesta sexta-feira a demissão do diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, nome de confiança do ministro Moro. A possibilidade de sua demissão dominou o noticiário, ontem, e fez com que Moro estudasse também ele deixar o cargo.
Este deve ser o grande tema desta sexta-feira. Moro, principal nome da Operação Lava-Jato no imaginário popular, é o ministro mais popular de um governo com níveis descrescentes de popularidade. Segundo o jornal O Globo, Moro pode efetivamente pedir demissão ainda hoje. Nome de confiança do ministro, Valeixo comandou a Superintendência da PF no Paraná durante a Lava-Jato.
O que pode pesar para sua permanência é a escolha de um nome técnico para a função. Há opções para todos os gostos em análise, segundo o noticiário político de Brasília. Entre eles estão Fabiano Bordignon, diretor do departamento penitenciário nacional (e próximo de Moro), Alexandre Ramagen, chefe da Abin e nome forte entre os militares, e Anderson Torres, secretário de segurança pública do DF e favorito de Flávio Bolsonaro. O favorito de Bolsonaro, segundo a Veja, é Jorge Oliveira, da secretaria-geral da Presidência.
A escolha deve ajudar a definir o futuro do governo Bolsonaro, em transformação em meio à pandemia do coronavírus. A demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e a divulgação de um pacote de investimentos que contraria a posição liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, são parte desta guinada, segundo analistas políticos. Na quarta-feira Bolsonaro se reuniu com líderes do Centrão para retomar apoio no Congresso depois de seu racha com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ainda segundo a Veja, o presidente acredita ter ganho musculatura política com a pandemia. As últimas pesquisas de opinião mostraram a popularidade do presidente pela primeira vez abaixo dos 30%. É sinal de que, ao defender o fim do isolamento e ao bater de frente com seus ministros mais populares, o presidente mira seu eleitor mais fiel. Onde isso vai dar é a grande pergunta em aberto.
Uma certeza desta sexta-feira: o Brasil vai chegar a 50.000 casos de coronavírus, e o ministério da Saúde admitiu, ontem, que ainda tenta entender o que os números têm a dizer.