Governador de São Paulo, João Doria (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)
Da redação, com agências
Publicado em 31 de março de 2022 às 08h09.
Última atualização em 31 de março de 2022 às 11h34.
A quinta-feira começa com uma surpresa na corrida ao Palácio do Planalto. O governador de São Paulo, João Doria, pode abrir mão de sua candidatura a presidente para ficar à frente do governo de São Paulo, segundo informou o jornal Folha de S. Paulo. A decisão será informada numa entrevista coletiva marcada para as 16h desta quinta-feira. A medida pode abrir caminho para o governador gaúcho, Eduardo Leite, retomar os planos de concorrer a presidente. Leite foi derrotado por Doria nas prévias do PSDB, no fim de 2021, mas na segunda-feira anunciou que, embora esteja de saída do Palácio Piratini, ficará no partido.
A crise no PSDB, e no governo paulista, é consequência de resultados ruins de Doria em todas as pesquisas de intenção de voto à presidência. Na mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, o gaúcho tem 2% das intenções de voto e o paulista 1%. A corrente do partido que defende a candidatura de Leite se apoia também nos números de rejeição: 18% dos eleitores dizem que não votariam no governador paulista de "jeito nenhum", ante 11% das menções a leite.
A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 23 de março. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-04244/2022. A pesquisa EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Confira o relatório completo aqui.
Segundo a Folha, Doria avisou ontem seu vice, Rodrigo Garcia (que trocou o DEM pelo PSDB ano passado), que pretende ficar no cargo, uma reviravolta que abriu uma crise entre os dois. Garcia seria candidato da chapa ao governo de São Paulo e, assim que informado, pediu demissão da secretaria de governo do estado, segundo a GloboNews. Segundo o jornal O Globo, aliados de Garcia estão se movimentando, na manhã desta quinta-feira, para levar à frente um processo de impeachment contra Doria, caso de fato ele fique no governo.
Na véspera de deixar o cargo para disputar a Presidência da República pelo PSDB, o governador de São Paulo, João Doria, fez na noite desta quarta-feira, 30, um discurso de 53 minutos para uma plateia de amigos, empresários, aliados e secretários no qual disse que "não parte do pressuposto" que será candidato e sinalizou que aceitaria abrir mão da disputa.
O tucano participou de um jantar organizado pelo empresário Marcos Arbaitman, seu amigo de longa data, e surpreendeu com uma fala conciliadora no momento em que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sinaliza que vai lutar pela vaga de candidato do PSDB apesar de ter perdido as prévias do ano passado.
"Não faço imposição do meu nome, pelo contrário. Não parto do pressuposto que tem de ser eu. É preciso ter grandeza e espírito elevado", afirmou o governador paulista. Como de praxe, o tucano fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exaltou seus "legados" no cargo - sendo o principal deles a vacina contra a covid-19 -, lembrou dos tempos em que trabalhou como office boy e reafirmou sua posição contra a reeleição.
Em uma mudança de narrativa em relação às eleições anteriores que disputou, Doria reduziu a carga de antipetismo e mirou em Bolsonaro. "A nossa bandeira não pode ser usurpada, como se fosse uma seita", afirmou. O tucano também criticou a "censura" aos artistas do festival Lollapalooza, determinada - e depois retirada - pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a pedido do PL partido do presidente.
O vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) não participou do jantar.
Doria terá uma agenda intensa nesta quinta-feira, 31. Pela manhã vai ao Museu do Ipiranga, cuja reinauguração será em setembro, para entregar "obras de restauro" e assim deixar sua marca em uma bola dividida com o governo federal.
Em seguida, vai visitar obras no Parque da Cidadania, em Heliópolis, participa de um leilão de concessão de parques na B3 no centro, e termina o dia em um grande ato "municipalista" no Palácio dos Bandeirantes, com centenas de prefeitos e aliados.