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Doria faz gesto de aproximação com deputados ruralistas

Em almoço nessa terça-feira, o prefeito de SP ouviu reclamações contra ambientalistas, Ministério Público e setores do governo

Doria (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Doria (Rovena Rosa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de outubro de 2017 às 10h21.

Brasília - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), em almoço fechado com 32 deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), ouviu na terça-feira, 17, reclamações contra ambientalistas, Ministério Público e setores do governo.

Ao falar, citou a história dos sogros, que, segundo ele, tiveram as terras em Pinhalzinho, no oeste catarinense, ocupadas pelo Movimento Sem Terra (MST).

Em entrevista logo depois, porém, Doria se esforçou para não entrar nas polêmicas ambientais e sociais do campo. "O debate ideológico não é útil para o meio ambiente, para moradores e para o setor produtivo", afirmou.

Ao ser questionado por jornalistas sobre a portaria do Ministério do Trabalho que dificulta a atuação dos fiscais que combatem o trabalho escravo, publicada anteontem, o prefeito passou a palavra para o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), que fez um discurso de defesa da medida.

"Eu endosso plenamente as posições apresentadas pelo deputado Nilson Leitão, que é do nosso partido. A posição do deputado é a posição que eu endosso", disse Doria após insistência dos jornalistas para falar sobre o tema.

Rodeado de ruralistas, o prefeito defendeu a moderação no debate sobre redução de áreas ambientais, sem, no entanto, endossar a posição ruralista.

"Eu sou moderado. O acirramento não é construtivo. É preciso equilíbrio e moderação para construirmos um novo País", disse. Na entrevista, Doria afirmou que o setor do agronegócio está "maduro" e precisa de mais incentivos públicos.

O prefeito, que recebeu convite para jantar ontem no Palácio do Jaburu com o presidente Michel Temer, ao ser questionado sobre a crise política, disse que se trata de um problema "circunstancial".

Na parte fechada do encontro, Doria repetiu que está "preparado" para o enfrentamento de ideias com o PT, afirmou que o partido "enterrou" e "prejudicou" a economia, e minimizou críticas a suas viagens pelo País.

Pedidos

A Doria, deputados ruralistas reclamaram da imprensa e da modelo Gisele Bündchen, que fez campanha nas redes sociais contra o fim da Reserva Nacional do Cobre, a Renca, que fica entre o Amapá e o Pará. "O senhor que é da área da comunicação, olhe o que a Gisele fez, o mundo inteiro está contra nós", reclamou o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS).

Um dos pedidos surpreendeu o prefeito. A deputada mineira Raquel Muniz (PSD) pediu para ele mandar água para a região de Montes Claros. "Eu clamo ao senhor, na condição de prefeito de São Paulo, por água para o norte de Minas Gerais, que enfrenta estiagem".

Também foram feitos pedidos para ele apoiar a exploração de diamantes em terras indígenas e apoio no governo Temer para o setor. Alceu Moreira (PMDB-RS) pediu que Doria entrasse na "luta" contra os "ambientaloides" e o movimento indígena. "Não tem nada de esquerda ou direita. O que há é o interesse dos americanos", avaliou o parlamentar.

Deputados ruralistas também criticaram o governo que, segundo eles, podia fazer ainda mais pelo setor. "O governo só atrapalha", disse a deputada Tereza Cristina (PSB-MS), no momento em que elogiava o "surgimento" de uma "nova liderança" como Doria. Ela ainda disparou contra os petistas. "O PT faz papel de bom moço no plenário na Câmara como se não tivesse responsabilidade sobre a situação atual."

Deputados ouvidos pelo Estado avaliam como positiva a aproximação de Doria com o agronegócio e elogiaram a capacidade de "comunicação" do prefeito. Eles, no entanto, ressaltaram que o agronegócio tem uma relação "antiga" com Geraldo Alckmin, com quem almoçaram no começo do mês, e a quem definem como um "conhecedor" e um "interlocutor" da área. "Não trouxemos concorrentes para almoçar", disse Leitão. "Trouxemos o prefeito da maior cidade do País e o governador", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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