João Doria: "não me vejo como agente do Legislativo, posso até afirmar que jamais serei senador ou deputado, não tenho vocação para o Legislativo" (Christopher Goodney/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de junho de 2017 às 16h43.
São Paulo - Cotado como potencial candidato ao governo do Estado e até à Presidência da República em 2018, o prefeito João Doria (PSDB) disse nesta quinta-feira, 29, que sua vocação na área pública é para o Executivo, e não para o Legislativo.
"Não me vejo como agente do Legislativo, posso até afirmar que jamais serei senador ou deputado, não tenho vocação para o Legislativo", disse o tucano durante palestra em evento com investidores organizado pelo Citibank, na capital paulista.
O prefeito falou que deseja continuar fazendo gestão na área pública com os preceitos do setor privado. "Respeito bastante o Legislativo, mas eu sou executivo. Quero continuar fazendo o mesmo que fiz na área privada, na área pública", disse Doria, reforçando que tudo o que pretende fazer na administração pública deve estar estabelecido na lei.
Ele tentou afastar, no entanto, que está decidido a ser candidato a presidente em 2018. Reconhece que sua gestão está "extrapolando" a cidade e impactando outros municípios e Estados. "Mas isso não me faz ser candidato a presidente da República. Não seria correto alguém que acabou de ser eleito estar determinado a fazer campanha", declarou.
Durante a palestra, Doria repetiu seu discurso de que não é político. "Continuo sendo um gestor, eu não sou político. Eu estou na política. Eu não quero ser político por opção, assim como fiz a opção em torcer pelo Santos".
Ele afirmou ainda que está convidando outros empresários a entrarem na política. "Quem vai cuidar do Brasil, os bandidos?", disse, ao justificar sua atitude. Ele destacou que há "gente decente" na política. "A maioria não, mas há gente decente".
O tucano destacou seu programa de desestatização e voltou a falar que pretende privatizar alguns equipamentos municipais, como o Anhembi, o autódromo de Interlagos, o Crematório Vila Albina, cemitérios, os mercados municipais e o Bilhete Único. No caso do Bilhete Único, Doria afirmou que a Prefeitura pode deixar de gastar R$ 250 milhões por ano e arrecadar R$ 1 bilhão em um leilão de desestatização.
Nesta madrugada, a Câmara aprovou em primeira discussão o projeto de lei de concessão do estádio do Pacaembu. Com isso, a Prefeitura projeta economizar R$ 400 milhões em quatro anos. Doria afirmou que está negociando com a Câmara para começar em agosto a "marcha" de aprovação de projetos do programa.
Relatando suas viagens internacionais para apresentar o programa de desestatização, Doria citou que há interesse de fundos de investimentos no Brasil, apesar da crise política. "Com toda turbulência política, o Brasil ainda tem interesse e gera interesse em fundos de investimentos", disse.
Sem citar diretamente a crise política que envolveu o presidente Michel Temer (PMDB) e a empresa JBS, Doria afirmou que, na atração de investimentos à cidade, a Prefeitura não vai usar BNDES e eleger campeões nacionais "para não viver os problemas que agora estamos vendo o que aconteceu". Em outro momento, ele tentou se afastar da crise política. "Eu não recebi dinheiro de Odebrecht, nem de JBS. Falo o que tenho que falar", declarou.