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João Doria desiste de concorrer à Presidência da República

Desde a semana passada, a cúpula do PSDB tentava fazer com que o ex-governador desistisse espontaneamente de concorrer

Ex-governador de São Paulo João Doria (Governo de SP/Divulgação)

Ex-governador de São Paulo João Doria (Governo de SP/Divulgação)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 23 de maio de 2022 às 12h12.

Última atualização em 23 de maio de 2022 às 16h25.

O ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desistiu de concorrer à Presidência da República. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 23 de maio, e contou com a presença do presidente do PSDB, Bruno Araújo.

"Hoje, neste 23 de maio, serenamente, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Aceito esta realidade com a cabeça erguida. Sou um homem que respeita o bom senso, o diálogo e o equilíbrio. Sempre busquei e seguirei buscando o consenso, mesmo que ele seja contrário à minha vontade pessoal. O PSDB saberá tomar a melhor decisão no seu posicionamento para as eleições deste ano. Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve", disse ele ao lado da esposa, Bia Doria, e de aliados. Leia o discurso na íntegra.

Doria se reuniu com a cúpula tucana no meio da manhã desta segunda-feira para definir seu futuro político dentro do partido e também qual será o seu papel na construção das eleições em outubro deste ano. Desde a semana passada, os caciques do PSDB tentavam fazer com que o ex-governador desistisse espontaneamente de concorrer à Presidência.

A situação ficou mais complicada na semana passada quando MDB, PSDB e Cidadania indicaram, de forma ainda não definitiva, que a senadora Simone Tebet (MDB) será a cabeça de chapa dos três partidos na disputa ao Palácio do Planalto, representando a terceira via. A decisão só sai na terça-feira, dia 24 de maio, quando a Executiva das três legendas deve aprovar o nome dela.

Com o movimento, o ex-governador de São Paulo, João Doria, ficou ainda mais isolado, dentro do seu partido, e também fora dele. Doria ameaçou recorrer à Justiça para que as tumultuadas prévias do partido, realizadas no fim do ano passado, sejam respeitadas e que ele seja o candidato tucano. Aliados do ex-governador disseram, na semana passada, que não aceitariam a indicação de Tebet.

Nos bastidores, a questão apontada pelos presidentes dos partidos de terceira via para a escolha de Tebet é a taxa de rejeição. A pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA do dia 19 de maio perguntou a opinião dos eleitores sobre quais candidatos eles não votariam de jeito nenhum. Doria tem 28% de rejeição, enquanto a senadora por Mato Grosso do Sul aparece com 8%. O pré-candidato com maior rejeição é o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 43%, seguido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 40%.

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No último dia para deixar o comando do governo de São Paulo por conta da Lei Eleitoral, no fim de março, Doria ameaçou desistir dos planos de concorrer à Presidência, ficar no cargo até o fim do mandato, e sair da vida pública em janeiro de 2023. A informação estremeceu todo o ninho tucano e aliados porque quase inviabilizava a candidatura à reeleição do governador Rodrigo Garcia (PSDB).

O xeque-mate que Doria deu no PSDB veio muito do descontentamento com o partido porque muitos líderes questionam a escolha dele nas prévias. Apesar da eleição interna, a confirmação, de fato, só sai depois da convenção, que será realizada no meio do ano. Até lá, o que ele queria era uma garantia do partido de que seria candidato ao Palácio do Planalto.

Em uma carta divulgada na época, o presidente do partido, Bruno Araújo, disse que as prévias seriam respeitadas e que o governador paulista teria a garantia da candidatura à Presidência. A atitude foi decisiva para que Doria saísse do governo de São Paulo.

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Doria tem 2% das intenções de voto

De acordo com a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA publicada no dia 19 de maio, Doria tem 2% das intenções de voto em um eventual primeiro turno. No fim do ano passado ele chegou a ter 4%, mas nas pesquisa seguintes oscilou dentro da margem de erro, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O ex-presidente Lula aparece em primeiro lugar, com 41% . Logo depois vem o presidente Bolsonaro, com 32%, e Ciro Gomes (PDT) tem 9% das intenções de voto.

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A terceira via como um todo enfrenta uma situação complicada a cinco meses das eleições. Em uma simulação de primeiro turno estimulada, com os nomes apresentados previamente, todos os pré-candidatos à Presidência da República somados pontuam 15%. Em janeiro deste ano, os nomes testados somavam 23% das intenções de voto, ou seja, uma perda de 8 pontos percentuais do começo do ano até agora.

A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 14 e 19 de maio. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-01734/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Leia o relatório completo.

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EXAME NAS ELEIÇÕES

Além da nova rodada da pesquisa EXAME/IDEIA desta quinta-feira, 19, EXAME lançou também uma área no site dedicado a acompanhar tudo sobre as eleições 2022. Atualizado diariamente, a seção ELEIÇÕES conta com as últimas notícias da corrida eleitoral, os perfis dos pré-candidatos à Presidência da República, todos os números das últimas pesquisas eleitorais EXAME/IDEIA, além de informações úteis sobre o funcionamento do pleito para ajudar o eleitor até o dia da votação.


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