JOÃO DORIA: / Germano Lüders
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2016 às 06h37.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h21.
Em seu primeiro discurso, o prefeito eleito de São Paulo, João Doria, adotou tom conciliatório. Em determinado momento, pediu a todos que dessem as mãos, como símbolo de união. “Este é o sentimento da união, é o que vai prevalecer no que vamos fazer na prefeitura de São Paulo, da união das pessoas, das pessoas de bem, em trabalho coletivo. Não há heróis na política”, disse.
União foi o que não se viu durante a campanha. Desde o início, a candidatura de Doria foi alvo de contradição entre tucanos. Viu-se desde briga de rua entre a militância na votação das prévias, acusações de abuso de poder econômico na pré-campanha, deserção e alfinetadas do tradicional tucano Andrea Matarazzo e, em plena semana de eleição, uma carta do ex-governador Alberto Goldman recomendando que os eleitores não votassem no candidato. Mas em um aspecto a vitória significa convergência.
Se há mais de um vencedor nas eleições municipais de 2016, esse é Geraldo Alckmin. Ao lançar o empresário (“e não político”, como diz o próprio) para a disputa à prefeitura de São Paulo, o tucano pois à prova sua força. O resultado foi a eleição em primeiro turno com mais de 53% – como nunca antes na cidade –, o que coloca o governador à frente para a corrida por 2018.
“A vitória em São Paulo é importantíssima para dar cacife ao Alckmin para a eleição presidencial. Mas ele se favoreceu também de o partido representar uma dicotomia com a imagem desgastada do PT que instigou o eleitor a escolher conforto no PSDB”, afirma Thiago de Aragão, cientista político e diretor da consultoria Arko Advice. “É preciso ganhar fôlego”.
Para que a estrela de Alckmin continue a brilhar, é preciso que Doria se saia bem. E isso não é missão fácil. Doria ganhou se destacou pelo discurso de eficiência, algo que o poder público não tem em seu DNA por definição. “A velocidade da iniciativa privada, quando se é o fundador ou administrador de uma empresa é uma, no setor público é outra realidade. Há funcionários espetaculares, mas há uma boa parcela desmotivada. Não é tão fácil montar sua equipe, fazer cortes e o nível dos executivos é outro”, diz um executivo com passagem recente pela a administração municipal.
Outro desafio para Doria será a negociação com a coligação que o elegeu, que passará agora a demandar cargos. No passado, Dilma Rousseff já demonstrou o preço que se paga por não saber jogar com habilidade. Alckmin apostou alto e ganhou, mas tem tudo a perder se Doria escorregar. Aécio e Serra estão de olho.